O astrônomo Galileu Galilei já dizia: “o vinho é composto de humor líquido e luz”. Uma das bebidas mais antigas do mundo, derivada de fermentação natural, o vinho faz parte da História da humanidade. E, por fazer parte da cultura do dia a dia, também passa por inovações e tendências, acompanhando os movimentos culturais e processos tecnológicos. Para entender o que está rolando, pegue sua taça e fique de olho nas tendências observadas pelo Expert Dionísio Chaves no mundo da vitivinicultura.
De olho nas novidades
O consumo está mudando. Principalmente no momento pós-pandemia, o mundo está mais consciente dos processos produtivos, voltando-se para o posicionamento das marcas e repensando antigos hábitos alimentares e de vida. Entre esses novos hábitos, a sustentabilidade se destacou e, felizmente, ainda continua em alta, vinculada a outros princípios, como a economia consciente.
De acordo com o relatório 2023 sobre Hábitos de Consumo realizado pela Euromonitor, os consumidores estão mais conscientes e “ecoeconômicos”, e as organizações pensando em alternativas sustentáveis para suas produções.
Por outro lado, os consumidores não querem mais ficar confinados, e procuram gastar com experiências que “façam a vida valer à pena”. O relatório aponta que 39% dos entrevistados planeja realizar atividades presenciais nos próximos anos. Os restaurantes, bares e estabelecimentos ligados à vida noturna voltam com tudo. E o vinho entra nessa história, já que é uma bebida presente em festas e uma das mais queridas quando o assunto é harmonização gastronômica.
Vinhos que sejam atrativos para reuniões sociais, com ótimo custo-benefício, associados a um novo estilo de vida e que ainda valorizem a sustentabilidade, são as palavras-chave das tendências para este ano. Mas quais vinhos se encaixam nessas categorias?
Vinhos orgânicos, biodinâmicos e veganos
Na tendência dos ingredientes naturais e do cuidado com o meio-ambiente, é crescente a busca por vinhos orgânicos e biodinâmicos. Mas qual a diferença entre eles?
Vinhos orgânicos são aqueles cujas uvas são cultivadas sem quaisquer agrotóxicos, fertilizantes artificiais, pesticidas, fungicidas e herbicidas, ainda que possam ter substâncias industriais adicionadas após o processo de fermentação, como sulfito (SO²) que geralmente é usado para prevenir a oxidação e afastar bactérias indesejadas.
Os vinhos biodinâmicos são produzidos da forma mais artesanal e natural possível, com base na agricultura orgânica, utilizando ervas e elementos naturais para o preparo do solo, calendário lunar etc. A técnica deriva da antroposofia, ou seja, o conhecimento humano puro, respeitando as técnicas ancestrais. Vinhos com a mínima intervenção estão se tornando uma tendência.
Há ainda os vinhos veganos, que são produzidos sem nenhum tipo de produto derivado de animais. Apesar de serem derivados da uva, muitos vinhos utilizam insumos animais para o processo de clarificação e filtragem, como a albumina (proteína do ovo), caseína (proteína do leite) e gelatina (cola de peixe). Os produtores veganos, no entanto, utilizam bentonita (um tipo de argila) no lugar dos insumos animais.
Entenda as nomenclaturas dos vinhos mais ecológicos:
- Orgânicos – Uvas cultivadas com base em produtos naturais;
- Biodinâmicos – Orgânicos produzidos com mínima interferência humana;
- Veganos – não utilizam insumos animais no processo de fabricação.
Entre os vinhos veganos que você encontra estão os vinhos Veroni e todos os vinhos brasileiros Miolo.
Vinhos em lata
A busca por qualidade e custo-benefício associado ao prazer de socializar faz com que os vinhos de lata continuem sendo uma tendência de consumo. Afinal, o vinho em lata traz algumas vantagens como a facilidade de transporte, a quantidade de 269 mL para consumo individual e a informalidade para consumidores mais jovens e descontraídos.
Além dos vinhos em lata, garrafas estilo long neck também estão ganhando as adegas por aí!
Os vinhos em lata são perfeitos para combinar com um dia de piscina ou para aquele piquenique gostoso com os amigos, combinando com receitas leves e fáceis de preparar.
Vinhos de regiões emergentes
As regiões tradicionais na produção de vinhos como Toscana, na Itália, Bordeaux na França ou Portugal já estão consolidadas no Velho Mundo. Entretanto, novas regiões produtoras estão surpreendendo a todos com muito sabor, variedade, qualidade e inovações.
Países como Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Argentina, Chile, Brasil, entre outras, estão se destacando mundialmente. Essas regiões mais recentes no mundo dos vinhos são chamadas de Novo Mundo. Um ponto em comum entre os países do Novo Mundo é que se situam em regiões mais tropicais, sob maior incidência do sol, dando origem a vinhos mais frutados, em geral.
Todavia, alguns países europeus e regiões menos conhecidas também estão surpreendendo, como é o caso da Eslovênia e Hungria.
Se você quiser ter a chance de harmonizar um delicioso vinho branco esloveno com pratos leves e saborosos, conheça os rótulos Quercus. E para harmonizar com com foie gras, queijos azuis, torta de maçã, de frutas secas ou com a tartelette de pera, experimente o húngaro Sauska Tokaji Aszú Puttonyos.
Vinhos com menos graduação alcoólica e zero álcool
A nova geração de “bebedores” está menos alcoólica. Uma pesquisa da Nielsen revela que o novo perfil de consumidores escolhe as novas bebidas sem álcool em decorrência de uma filosofia zero álcool em prol da saúde e bem-estar ou apenas por opção, já que 82% dos consumidores também ingere bebidas alcoólicas convencionais.
Por mais estranho que pareça, os vinhos e espumantes sem álcool seguem o mesmo princípio da produção de um café descafeinado, por exemplo. Entre as técnicas utilizadas, estão a fervura à vácuo, que faz o álcool evaporar sem afetar as características do vinho, a destilação a vácuo ou ainda a osmose reversa, que filtra o álcool e a água do restante da composição, realiza a destilação e devolve a água para a mistura. O sabor se mantém, mas o álcool é extraído.
Menos álcool também nos cocktails
O conceito de low ou no-alcool, que ganhou o apelido de “NoLo”, também se estende para a coquetelaria, dando origem a coquetéis complexos e equilibrados, utilizando ingredientes não alcoólicos em sua composição, como os mocktails.
Vinhos suaves feitos com uvas vitis vinífera
Quando falamos de uvas, de maneira geral elas são divididas em dois grupos: as uvas de mesa e as uvas próprias para a produção de vinhos. Das uvas próprias para a produção de vinhos finos estão as uvas da espécie Vitis Viniferas, que são menores e de casca mais grossa, repletas de taninos e por isso, bem amargas e ácidas quando degustadas in natura.
Para a produção de vinhos, no entanto, elas são adequadas e conhecidas. Entre as mais de mil cepas existentes, pelo menos 200 são bem famosas, como a Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc, Chardonnay, Pinot Noir, Sémillon, Shyraz, Carménère, Sauvignon Blanc, entre outras.
Apesar de conhecidas em vinhos mais tradicionais, a tendência aponta para a produção de vinhos mais suaves, leves e fáceis de beber, como a linha Veroni e a super jovem Veroni Go, para consumo direto no gargalo em long necks.
Gastronomia Carioca