A história conta da existência de uma távola redonda, que servia para reunir o Rei Arthur, da Inglaterra, e seus cavaleiros, para discutirem assuntos importantes do reino e celebrarem as vitórias. Não se sabe se é lenda ou verdade, mas as dezenas de filmes feitos sobre esta história, sempre mostraram a távola que, em latim, significa mesa. Este é um objeto clássico no mobiliário. Está sempre presente. Nas casas, nos restaurantes, bares, escritórios, salas de reuniões, congressos, etc. No entorno dela, muitas coisas acontecem. Por vezes, conversas agradáveis, como num bar. Por vezes tensas, como em reuniões.
Com o novo governo federal que está assumindo a administração do País, é possível dizer que a Mesa será um elemento fundamental para conduzir as atividades do agronegócio, principalmente ao que se refere no dentro da porteira. Isto porque ele traz consigo, sutilmente a marca da necessidade de se saber negociar, sentar ao redor da mesa, apresentar seus pontos de vistas, ouvir o de outros e o do governo e buscar um resultado que seja o melhor possível para todos. E isto já fica demonstrado na escolha de dois ministros; o da agricultura, Carlos Fávaro, produtor rural e senador pelo Mato Grosso, com uma visão mais empresarial, e do Meio Ambiente, Marina Silva, eleita deputada federal, com uma trajetória claramente marcada pela defesa do regramento e proteção das atividades no meio ambiente. Segundo pessoas que conviveram com ela, tem posições firmes e temas inegociáveis.
É fato que uma mudança de postura por parte de quem produz alimentos, já está sendo exigida pelo mercado, principalmente os importadores que através de várias declarações já informaram que não pretendem comprar produtos que tenham ligação com desmatamento da amazônia, por exemplo. Exigências de rastreabilidade, práticas sustentáveis, redução da emissão de CO², implantação de programas de ESG, também são outros itens que começam a ser cobrados dos produtores rurais brasileiros que querem manter negócios com o exterior, mesmo que seja através da venda para tradings e processadoras. Porque estas são as mais vigiadas e precisam apresentar certificações para todos estes itens.
E para se somar à necessidade de aprender a sentar na mesa de negociações, o Governo criou o Ministério dos Povos Originários que terá como função a questão da demarcação de terras, outro tema que sempre gerou disputas jurídicas entre os indígenas e proprietários de terras ou
postulantes à propriedade de terras. Para temperar o caldo, o retorno da atividade fiscalizadora da FUNAI e do IBAMA, com o reaparelhamento destes órgãos, vai contribuir para que esta Mesa fique cheia, muitas vezes.
O cenário que se apresenta pela frente é de muito debate. É preciso produzir alimento, sim, é, mas como fazê-lo com total respeito ao meio ambiente? Ao mesmo tempo, como respeitar a natureza e produzir alimento para a população que cresce diariamente? Sentar em torno de mesas para debater em busca de respostas que tragam proposições factíveis, onde a vontade de lucrar não se sobreponha a necessidade de preservar, porque extinguir a natureza, é matar a galinha que põe ovo, vai ser uma exigência. Saber negociar e não impor, ter temperança vai ser a forma de atuar daqui prá frente. É bom saber então que a mesa, a Távola, será o melhor aliado nos próximos quatro anos