“O Brasil é maior do que o buraco”. E do que os seus governos!

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A frase “o Brasil é maior do que o buraco” é do saudoso jornalista Joelmir Betting. O aposto: “…e do que os seus governos”, tomei a liberdade de acrescentar. O colunista do Estadão Lourival Sant’anna (Página A15, edição de 16/4 – Risco  de dependência assimétrica) escreveu: “comércio e investimentos entre Brasil e China andam sozinhos. No governo Jair Bolsonaro, que tinha relação ruim com a China e atravessou a pandemia, o comércio bilateral cresceu 52%, e os investimentos chineses 79%, e somos o maior destino dos investimentos chineses, 13,6%”. Aproveito aqui tanto a visão da assimetria dos riscos de Lourival Sant’anna quanto o Brasil ser maior do que o buraco de Joelmir Betting, para concluir que o Brasil tem uma força que supera seus governos.

O BRIC’s, originado em um estudo do Banco Goldman Sachs em 2001 denominado Building Better Global Economic – BRICs, reunia as grandes potências ascendentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, esta como um portal para a África, pois tem ainda uma grande distância econômica dos demais. E daquele período para 2023 vimos uma surpreendente  mudança na geopolítica mundial, no crescimento da China que tem hoje 18 trilhões e 321 bilhões de dólares de PIB, se aproximando dos Estados Unidos com 25 trilhões e 035 bilhões de dólares, e assistimos um Brasil que se não teve, praticamente, crescimento nominal do PIB, hoje 1 trilhão e 920 bilhões de dólares na 12ª posição mundial, obteve o lugar de única potência agroalimentar, agroenergética e agroambiental do planeta a curto prazo.

Independente dos seus governos, onde podemos registrar muito mais nomes visionários que salvaram a lavoura como o Ministro Cirne Lima (1970) e Alysson Paolinelli (1974 a 1979), como Roberto Rodrigues, Francisco Turra, e mesmo a ministra Tereza Cristina, onde os ministros da agricultura tem apresentado performances médias superiores à média de seus governos como um todo. E isso explica que de 1974 a 1989 dobramos a produção agrícola do país. De 1990 a 2005 dobramos mais uma vez a produção agrícola brasileira. E de 2004 a 2022 novamente dobramos de tamanho e deveremos colher 312 milhões de toneladas de grãos além de um gigantesco crescimento na proteína animal, frutas, retomada do cacau, biocombustíveis, indústria da madeira, algodão, agroindústrias, e sem esquecer das flores onde temos a 4ª maior cooperativa do mundo no setor, a Holambra.

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Então somos hoje a única potência agro dentro do BRIC’s e do mundo com condições de dobrar de tamanho nos próximos 10 anos e representar para o planeta, que vive hoje insegurança alimentar, energética e climática, uma fonte verdadeira e fidedigna de abastecimento e de relações que servem à paz e a segurança humana na terra.

Portanto nunca foi tão fácil vender o Brasil e vender do Brasil. Temos hoje o sonho de consumo das nações da terra, alimentos, energia, meio ambiente, e temos uma civilização que reuniu praticamente todos os povos do mundo, imigrantes com os povos originais, e aqui fizemos uma revolução criativa agrotropical, com ciência e tecnologia da Embrapa, institutos, universidades e empresas privadas.

Saímos de 39 milhões de toneladas de grãos, em 1974, para 312 milhões agora em 2023. E podemos dobrar tudo isso de tamanho até 2034, incluindo a economia verde e circular.

Podemos fazer tudo isso preservando nossas relações com simetria. Os nossos maiores clientes do mundo hoje: China e Ásia, Índia, Europa e Estados Unidos, têm grandes agriculturas, mas estão no seu nível onde demanda e potencial já se cruzaram. Uma guerra no leste europeu existe prejudicando de forma inesperada o crescimento da produção de alimentos na região. Oriente Médio outra área cliente brasileira, América Latina a espera do nosso olhar, e África carente de cooperativismo e de tecnologia brasileira do “tropical belt”.

Se soubermos manter a razão, a diplomacia, o bom senso não precisamos incorrer no risco da assimetria, e podemos, sim, atrair capitais para aumentar em muito a nossa própria segurança estratégica agroindustrial, comercial e de serviços financeiros, seguro, ambientais, no antes e pós-porteira das fazendas. Investimentos estruturais, logísticos e na alta tecnologia, incluindo criação de marcas e de “terroir”, pois produtoras e produtores rurais os temos, forjados na dificuldade e na coragem, empreendedorismo e cooperativas, somos também uma potência agro humana.

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O Brasil é maior do que os seus governos e o agro do Brasil é maior do que a média dos seus governos. 50 anos de análises provam isso. Dobrar o agro de tamanho com sustentabilidade – a marca brasileira, a sociedade civil organizada precisa entrar no jogo com simetria nas relações estratégicas.

José Luiz Tejon

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