Os efeitos da nicotina no cérebro humano

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De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde, a cada dia, morrem mais de 10 mil pessoas por causa do tabagismo: o nome que se dá à dependência física e psicológica de tabaco. A soma ultrapassa 4 milhões de mortos por ano. E esses números tendem a aumentar, já que a quantidade de fumantes continua crescendo com o passar do tempo.

Estima-se que ele estará dobrado por volta do ano 2020, ou seja, serão cerca de 8 milhões de mortes anuais causadas pelo fumo. Isso sem falar que o cigarro já provoca mais mortes do que a cocaína, a heroína, os incêndios, e a aids, juntos. O tabagismo, encarado como doença há alguns anos, transformou-se num dos maiores problemas de saúde pública.

No Brasil, as enfermidades provocadas pelo fumo matam anualmente mais de 200 mil pessoas de idades entre 35 e 60 anos. Diversos tipos de câncer (de pulmão, boca, laringe), derrames cerebrais, doenças do coração (angina, infarto), bronquite e enfisema são algumas das doenças ligadas ao uso do cigarro.Os efeitos da nicotina no cérebro humano

As causas do vício

Nosso sistema nervoso possui células especiais chamadas transportadoras, que levam substâncias como os hormônios e os neurotransmissores para locais específicos no cérebro. Esses elementos têm o poder de nos excitar ou relaxar e constituem as respostas naturais que damos aos estímulos do meio ambiente.

Numa situação de perigo, por exemplo, as células transportadoras carregam noradrenalina (a popular adrenalina) para o cérebro. Isso causa irritação e estado de alerta. Nesse momento, todas as células do corpo “despertam” e o o organismo fica preparado para lutar ou fugir, conforme a necessidade da situação. Mas onde entra o cigarro nessa história?

Bem, o tabaco é rico em uma substância chamada nicotina, que estimula a produção de dopamina, um dos maiores mediadores químicos das células, que atua nos centros de prazer do cérebro. Sem a nicotina, o cérebro do dependente recebe menos dopamina. Para compensar, o organismo produz mais noradrenalina. Por isso, quando alguém pára de fumar, fica nervoso ou irritado.

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Os efeitos da nicotina no cérebro humanoParar de fumar é dificílimo

“A irritabilidade pode durar semanas e o fumante acaba não aguentando”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da clínica antitabagista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Já se sabe que é a nicotina que causa a dependência. Ela faz a pessoa sentir necessidade de fumar, numa intensidade que varia de acordo com fatores psicológicos e o grau de dependência bioquímica. Por isso, a dificuldade para largar o cigarro é enorme.

Além do estímulo à produção de dopamina, a nicotina também provoca vasoconstrição (os vasos sanguíneos “apertam-se” diminuindo seu diâmetro) e aumento da pressão arterial. Ela faz mais ainda: causa mutações no DNA das células, que passam a se reproduzir de forma deficiente – isso constitui precisamente o câncer.

Desse modo, enquanto a nicotina dá uma falsa sensação de bem-estar, mascarados por ela milhares de ingredientes venenosos entram no organismo de quem fuma, como bandidos.Os efeitos da nicotina no cérebro humano

Substâncias nocivas

Dentro do cigarro, há uma miscelânea de substâncias nocivas. O alcatrão é um resíduo altamente tóxico, cancerígeno e de cor negra (por isso, o pulmão de quem fuma fica escuro).

Ao queimar, o cigarro também libera monóxido de carbono que diminui a concentração de oxigênio no sangue – esse gás se junta com a hemoglobina e impede que ela faça seu trabalho de levar o oxigênio para todo o corpo, e isso pode causar a morte por asfixia (“falta de ar”).

O acetato de chumbo é tóxico e tem efeito cumulativo no organismo, pois o chumbo jamais é eliminado. Após anos de consumo, pode provocar danos ao cérebro e também contribui para o desenvolvimento do câncer.

A amônia, quando inalada, tem efeito corrosivo nas mucosas. A naftalina, utilizada para matar baratas, também se encontra dentro do cigarro. Essas são apenas algumas das substâncias tóxicas que podem ser mencionadas. Pode-se dizer, portanto, que o “enroladinho de fumo” é um coquetel de venenos.

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Os efeitos da nicotina no cérebro humanoTipos de fumante

Um homem e uma mulher esperam seu ônibus num ponto. Como o coletivo começa a demorar, o homem acende um cigarro – pois é um fumante ativo. Gentilmente, ele oferece um para a mulher, que recusa, dizendo que não fuma. Ela não sabe, mas está fumando enquanto o homem exala a fumaça ao seu lado.

A mulher, no caso, é uma fumante passiva, pois respira a fumaça do cigarro misturada com o ar. Além dos problemas que ela mesma pode desenvolver, se a mulher estiver grávida, há uma grande possibilidade de o bebê ter várias doenças e ainda se tornar um fumante quando crescer. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 50 mil pessoas não fumantes morrem por ano de doenças causadas por respirarem a fumaça dos cigarros alheios.

 

Não existe cigarro “light”

Entre outros significados, o termo “light” quer dizer “leve” em inglês. Os fabricantes de cigarro dizem que os tipos “light” fazem menos mal à saúde – isso não é verdade. Tanto que o Ministério da Saúde quer abolir esse termo dos rótulos dos maços. Por quê? Para aspirar a fumaça do cigarro light e sentir os efeitos da nicotina, faz-se muito mais força, o que leva a fumaça a entrar mais profundamente nos brônquios.

Um estudo do Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos revela que o fumante absorve oito vezes mais nicotina e alcatrão do que a quantidade descrita no rótulo. “É um jogo para manter mais um fumante na praça” diz a médica Luisa Goldfarb, do Instituto Nacional do Câncer do Brasil. Não existe cigarro seguro, nem níveis seguros de consumo – todos os tipos de cigarro prejudicam muito a saúde.

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Os efeitos da nicotina no cérebro humanoVencer a abstinência

Para quem deseja parar de fumar, há diversos tratamentos e centros de ajuda. Entretanto, o ingrediente principal da fórmula para se livrar do vício é a força de vontade – e desejo de viver, afinal para quem fuma, o tempo de vida é curto.

Você já ouviu falar na crise de abstinência de quem pára de fumar – o conjunto de sensações desagradáveis provocadas pela ausência da nicotina no organismo. Isso dura dois meses ou mais – perceba o sofrimento que o indivíduo causa para si mesmo ao entrar para o “clube” dos fumantes. Passado esse tempo, a chance de largar o vício aumenta.

 

Ao ficar sem fumar, o organismo já dá sinais de agradecimento:

  • Nos primeiros 20 minutos, a pressão arterial volta ao normal e os batimentos cardíacos também.
  • Após duas horas, a nicotina sai da circulação sanguínea e as veias e artérias voltam ao diâmetro normal.
  • Dois dias sem tragar a fumaça do cigarro, acarretam a recuperação do paladar e do olfato – o fumante perde grande parte desses sentidos.
  • Depois de uma semana, a capacidade respiratória aumenta bastante, cerca de 30%. Em um ano, diminui o risco de doenças cardíacas.
  • O organismo se recupera por completo depois de 15 anos sem fumar.
FONTE: uol.com.br

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