Ninguém tem seguro “game over” nos relacionamentos. Começa-se de boa-fé, acreditando que são almas gêmeas, cara metade, tampa do balaio. Para impressionar queremos o que há de melhor. Não basta que o dia dos namorados seja especial. Tem que ser inesquecível. Com tudo que temos direito, afinal não se encontra todo dia alguém com tantas qualidades por aí.
O cupido flechou e o coração comandou. O cérebro até tenta avisar para não gastar, mas a euforia, o entusiasmo e a alegria são muito mais convincentes.
Não sei se já aconteceu com você, mas por aqui já houve mais parcelas do que relacionamento. Começou com “ele merece”, “tenho certeza que ele vai amar”, “isso é tão a cara dele” ou simplesmente “quero passar recibo de que sou muito bem sucedida”. Não importa o motivo, o fim é sempre o mesmo: impressionar.
E nessa de agradar, se fazer lembrada ou eternizar o momento, geralmente nos valemos do nosso “mui amigo” cartão de credito. Olhamos o valor da parcela e esquecemos o preço do presente. Em 12 vezes sem juros quem não pode pagar? Fica tão suave as prestações que você nem lembra que custa tão caro.
Mas eis que chega a mão dura do destino e acaba com o encantamento. Ele já não liga mais para desejar bom dia. Ela já não tem mais paciência para as piadas sem graça. As amigas dela dizem que ele não tem maturidade. Os amigos dele dizem que a ex era mais engraçada. Num piscar de olhos o relacionamento vira musica dos Engenheiros do Hawaii: “E tudo ficou tão claro. O que era raro ficou comum. Como um dia depois do outro. Como um dia, um dia comum.”
A paixão passa e a gente até tenta ver o lado poético da coisa recitando Vinicius de Moraes: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. No entanto, quando chega o final do mês e a fatura se apresenta, embora não se resolva, o que a gente quer mesmo é chorar o leite derramado.
Por hoje, salvem a rainha, que continua linda na libra esterlina!
