Desequilíbrio na tireoide pode afetar olhos, músculos e até a memória

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Close up shot of young woman getting her neck examined by doctor using ultrasound scanner at modern clinic

Pedidos de socorro da tireoide, órgão em forma de ‘H’ que envolve a região anterior do pescoço, perto da traqueia, ocorrem por todo o corpo e impactam o cotidiano do paciente. Os sintomas são variados e podem aparecer nos olhos, genitais, músculos, cabelos, humor e até mesmo na memória.

Isso acontece pois a tireoide é uma glândula endócrina, ou seja, atua na produção e liberação dos hormônios T3 e T4 (triiodotironina e tiroxina), de intensa ação no metabolismo humano.

“Ela é fundamental para o controle da dinâmica do organismo. Doenças que a atingem podem ser funcionais ou nodulares. As primeiras estão relacionadas à produção excessiva ou insuficiente desses hormônios, chamadas de hipertireoidismo/hipotireoidismo, e ocasionam fortes alterações na saúde, manifestando-se habitualmente em pessoas com histórico genético/familiar”, explica Sérgio Uchôa, coordenador do serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital São Luiz Jabaquara, da Rede D’Or.

No hipertireoidismo, há uma aceleração na atividade metabólica, acarretando sintomas como exoftalmia (olhos saltados e aumentados), insônia, palpitações, tremores, sudorese, emagrecimento e instabilidade emocional. Outra condição pouco conhecida é a orbitopatia ou oftalmopatia de Graves, condição na qual uma inflamação na parte traseira da cavidade ocular, relacionada ao hipertireoidismo, empurra os olhos para frente provocando a exoftalmia.

Já o hipotireoidismo aparece como diminuição metabólica, gerando sonolência, ganho de peso, queda de cabelo, unhas frágeis, pele seca, constipação intestinal, impotência sexual e raciocínio lento. Combinadas, essas disfunções afetam de 5 a 15% de indivíduos no mundo, na maior parte mulheres e pessoas acima dos 45 anos de idade.

“O risco do surgimento de deficiências na tireoide estava também atrelado à carência de iodo na alimentação. No Brasil, a suplementação regular desse nutriente no sal resolveu essa variável. Mas ainda não é o bastante para que a sociedade negligencie o problema como um todo”, analisa o médico.

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Os casos das doenças nodulares, chamados bócio nodular, consistem no aumento benigno do volume glandular. Em seu enfrentamento, é crucial que o paciente busque um endocrinologista ou cirurgião de cabeça e pescoço assim que notar quaisquer mudanças no seu bem-estar.

De trato mais complexo, eles se dividem em sólidos ou císticos, sendo volumosos e desconfortáveis, inchando o pescoço e dando a sensação de estrangulamento e limitação da deglutição. Diagnósticos malignos também podem trazer alterações na voz e respiração. Estima-se que entre 30 e 50% da população global pode apresentar nódulos nessa glândula, a maioria benigno.

“Em geral os cânceres de tireoide são lentos e indolores, possibilitando altas taxas de cura quando combatidos precoce e adequadamente. Nesse sentido, ao menor sinal de manifestação, inclusive de hiper e hipotireoidismo, uma consulta médica deve ser feita para investigar, detectar e sanar a questão”, destaca o profissional.

“Pratique exercícios, evite comidas inflamatórias, mantenha a hidratação e faça atividades para diminuir o estresse. São atitudes relativamente simples que podem controlar e até mesmo evitar a evolução de doenças da tireoide”, ressalta. Realizar consultas e exames de rotina também são essenciais para a detecção precoce das doenças.

Atualmente as melhores práticas de tratamento apontam as terapias cada vez mais conservadoras, preservando a glândula e evitando sua extração completa. Técnicas sutis e menos invasivas, como ablação térmica dos nódulos e alcoolização guiadas por ultrassom são exemplos de medidas de recuperação rápida e sem deixar cicatrizes da retirada do tumor.

Há casos raros, já avançados, em que infelizmente é necessário tirar toda a tireoide, o que leva à perda da produção hormonal e obriga o paciente a realizar a reposição por meio de comprimidos diários.

“É possível viver bem com a reposição. No entanto é mais natural quando o órgão prevalece. Por isso, quanto mais cedo for a detecção, maior a chance de mantê-lo ao menos parcialmente, proporcionando mais qualidade de vida e autonomia à pessoa”, complementa Uchoa.

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Famosos com comorbidades endocrinológicas são uma constante. Atores como Leandro Hassum, Paolla Oliveira e Camila Pitanga, além de apresentadores, músicos e atletas como Xuxa Meneghel, Fausto Silva, Preta Gil, Anitta, Ronaldo Fenômeno e Neymar proveem notoriedade ao seu combate.

“Figuras públicas têm grande responsabilidade e influência. O fato de haver algumas com patologias do gênero desperta interesse e desmistifica o tema. Entretanto temos de lembrar que cada caso é único, então só um especialista pode prescrever o tratamento”, finaliza o médico.

 

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