A cédula mais valiosa será estampada por um animal em risco de extinção

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No último dia 29, o Banco Central  anunciou a criação de uma nova cédula do real que valerá nada mais nada menos que R$ 200. O que ainda está para ser definido, ou divulgado, é o design e a cor usada na nota. Outra novidade foi o animal que será homenageado com sua foto estampada,  o lobo-guará.

O lobo-guará é o maior canídeo silvestre da América do Sul, símbolo do Cerrado, e vive em risco constante. Foi duramente afetado pela constante expansão do agronegócio no bioma. Ele está intimamente ligado ao Cerrado, apesar de aparecer também em outros biomas como Mata Atlântica, Pantanal e Pampas.

Classificado pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie vulnerável, em uma lista de animais ameaçados de extinção, a população de lobos-guarás, no Brasil, reduziu cerca de um terço nas últimas duas décadas. A estimativa atual é que haja cerca de 24 mil animais no Brasil, que correspondem a cerca de 80% da população mundial. Encontra-se esta espécie também em países como Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru.

Uma das esperanças de especialistas é que a imagem do lobo-guará na cédula de R$ 200 traga mais destaque à espécie para que as pessoas se atentem às dificuldades vividas por esses animais. De acordo com o Banco Central, o lobo-guará foi escolhido para ilustrar a nota com base em uma pesquisa feita em 2001 para escolha de animais para novas cédulas. Os dois mais votados, tartaruga-marinha e mico-leão-dourado, foram utilizados, respectivamente, nas cédulas de R$ 2 e de R$ 20. O terceiro foi o lobo-guará. Esta será a primeira vez, em 18 anos, que o real ganhará uma nota de novo valor. Ela se juntará aos seis valores de cédulas hoje em circulação: R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100.

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O lobo-guará já havia aparecido em uma moeda brasileira no passado. Entre dezembro de 1993 e setembro de 1994, ele estampou a moeda de 100 cruzeiros reais.

Mas por que o BC decidiu criar a nota de R$ 200 agora? 

A explicação do Banco Central para lançar esta nova cédula, que começará a circular no fim de agosto, está exatamente nos efeitos da pandemia. Segundo o BC, a decisão, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi tomada para “atender ao aumento da demanda por dinheiro em espécie que se verificou durante a pandemia de Covid-19”.

Em março, a quantidade de dinheiro vivo com a população era de aproximadamente R$ 216 bilhões. A partir desse momento, esse montante começou a subir rapidamente e hoje está em R$ 277 bilhões.

“Não só o Banco Central do Brasil, mas bancos centrais de outros países observaram o entesouramento (dinheiro guardado em casa) desde que a pandemia começou. Isso não é um fenômeno típico do nosso país. Em momentos de incerteza, as pessoas tendem a fazer saques e acumular reservas. O dinheiro, em tempos de incerteza, é sinal de segurança, estabilidade”, disse a diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros.

Agora, a previsão do Banco Central é de que, ao longo do ano, entrem em circulação 450 milhões de unidades da nova cédula. O governo disse que a medida não tem impacto na base monetária do país – isso significa, numa explicação simples, que não será um “dinheiro a mais” circulando. É como se, em vez de colocar duas notas de R$ 100 em circulação, o Banco Central substituísse por uma de R$ 200.

Mas isso não vai contra um movimento mundial de ampliar a quantidade de transações por meio digital?

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Embora em muitos países a circulação de cédulas esteja diminuindo e muitos estabelecimentos nem aceitem dinheiro vivo, o Banco Central bateu na tecla de que, no Brasil, o pagamento em espécie ainda é o meio mais frequente. Em uma pesquisa feita em 2018, 60% dos entrevistados responderam que o dinheiro era a forma de pagamento que eles mais utilizavam.

Para alguns especialistas o uso de dinheiro em espécie é uma consequência da grande desigualdade no Brasil, o que torna mais difícil aumentar o uso de meios digitais de pagamento, como vem ocorrendo em outros países.

Um dos pontos negativos mais citados para a criação desta nova cédula, é o troco que ela vai exigir. Para quem recebe o auxílio emergencial, em vez de sacar 6 notas de R$ 100, o saque será de 3 notas de R$ 200. Pessoas que pegarem nota de R$ 200 vão fazer transações de baixo valor, o que vai exigir grande volume de notas menores para dar troco.

Agora resta aguardar e conferir a nova cédula, e as facilidades ou dificuldades por ela proporcionadas.

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