Tempos de Oportunidades para a Indústria e o Comércio

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Qual é o comportamento de setores econômicos e como se pode aproveitar as oportunidades para sair da fase Covid-19 com crescimento?

Há janelas de oportunidades para alavancar diversos setores nesse momento de retomada da economia. O Comércio Varejista Ampliado teve crescimento na variação do índice de receita nominal de vendas, nos últimos 12 meses, de aproximadamente 6,9%, que foi alavancado pelo aumento nas vendas de móveis e eletrodomésticos, tecidos, vestuário e calçados, material de construção, alimentos (supermercados) e artigos de uso pessoal e doméstico (exceto equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação), de acordo com a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) do IBGE. Houve mudanças nos hábitos de consumo com a preferência por bens produzidos localmente, artesanais, caseiros e naturais ou orgânicos. Por exemplo, de acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a produção de orgânicos cresceu em torno de 30% em 2020, chegando a R$5,8 bilhões de faturamento.

Já o setor de serviços teve crescimento em torno de 8% na variação acumulada de 12 meses.  Estima-se que um dos fatores que impulsionaram o aumento foi o crescimento no comércio eletrônico. De acordo com o e-Commerce Brasil e a ABComm, o comércio eletrônico aumentou 68% em 2020 e faturou em torno de R$126 bilhões. O relatório da Conversion explica que, de 15 áreas do e-commerce analisados, o maior crescimento, de abril/20 a março de 2021, no número de acessos nos sites ficou com Importados (+91,72%), Pet (+88,04%), Casa & Móveis (+86,62%), Farmácia & Saúde (+65,22%) e Moda e Acessórios (63%). O único setor que reduziu os acessos foi o Turismo (-8%, aproximadamente). O setor de serviços de turismo perdeu em torno de R$341 bilhões de março de 2020 a abril de 2021, conforme os resultados da pesquisa mensal de serviços (PMS-IBGE). O turismo tem potencial de crescimento após a vacinação contra o Covid 19 da população brasileira.

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A pesquisa do IBGE da Produção Industrial Mensal (PIM-PF) mostra que existe uma certa relação entre os setores que mais cresceram na indústria e a melhoria nas vendas do comércio e dos serviços. O índice mensal (março comparado a fevereiro 21, crescimento aproximado) ficou melhor para a indústria de impressão e reprodução de gravações (42%), têxteis, vestuário e acessórios (35%), móveis (35%), artigos de madeira (32%) e produtos em couro (27%).

Um dos focos para investimentos, em época de retomada das vendas, é na transformação digital e nas startups. O comércio eletrônico faturou 126 bilhões de reais e cresceu em torno de 68% nos últimos 12 meses. Imensas oportunidades surgem para o comércio eletrônico em várias áreas, sendo que as startups “digitais” estão na crista da onda, por exemplo a MadeiraMadeira, que se especializou nas vendas online de material de construção e móveis, é o primeiro unicórnio brasileiro de 2021 e alcançou valor de marcado de US$1 bilhão após aporte de US$190 milhões (Estadão, 08 de janeiro de 2021).

Para que se aproveite da melhor maneira a oportunidade da transformação digital, investimentos nas diferentes funções empresariais são necessários, com planejamento para o aumento das vendas. Na indústria há espaço para investimentos na inovação para a “digitalização” da produção, em produtos melhorados ou novos e na logística para que a população de todo o território nacional tenha acesso. O nosso país é enorme e há desigualdades regionais quanto ao perfil do consumidor e as características ambientais e socioculturais que podem ser explorados com imensas oportunidades – as parcerias com as universidades e laboratórios Embrapii, o SENAI, SESC e o SEBRAE, entre outros, podem auxiliar.  Há expectativa de inovações disruptivas nas empresas após a pandemia que irão modificar o mercado drasticamente.

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Rosane Marques

Economista

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