A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) juntamente com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promovem há oito anos a campanha Setembro Amarelo. Este ano o tema é “Agir Salva Vidas”. A iniciativa se estende por todo o mês de setembro, com o objetivo de reduzir os índices de suicídio, e tem como data principal o dia 10, que é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
O presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva, disse que o tema foi escolhido porque trata de forma direta a questão mais importante da campanha, que é agir pode salvar vidas. “Ao ajudar com ação efetiva de buscar assistência médica, você pode fazer a diferença na vida de quem está sofrendo com ideação suicida”, afirmou o especialista. Segundo ele, o suicídio é um tema que sofre com o preconceito. “Ainda existe muito tabu e só com informação correta conseguimos conscientizar as pessoas de que o suicídio pode ser evitado. Precisamos informar a todos como ajudar, porque agir salva vidas”, reiterou.
Um relatório publicado pela OMS em 2019, revelou que mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio naquela ano, o que representa uma a cada 100 mortes. No Brasil, são aproximadamente 13 mil pessoas por ano. Antonio disse que no mundo em geral, o número de mortes por suicídio caiu, mas nas Américas a taxa subiu 17%.
De acordo com a ABP, 98% dos casos de suicídio estão relacionados a distúrbios mentais como depressão, em primeiro lugar, seguida de transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Prevenção
O presidente da ABP afirmou que é possível prevenir o suicídio. Existem muitos sinais que alertam para a possibilidade de tentativa de suicídio por parte de uma pessoa como, por exemplo, ficar mais recluso, falar muito sobre sumir, não ter mais esperança, mudar o comportamento repentinamente.
“O mais importante é dizer às pessoas que não duvidem de quem ameaça cometer suicídio. Costumo dizer que, nesse caso, o cão que ladra, morde. Não podemos arriscar; a pessoa está sofrendo, por isso dizemos que agir salva vidas, no sentido de encaminhar para um serviço de saúde, um médico psiquiatra, marcar a consulta e ir junto, não deixar a pessoa sozinha, fazer com que ela sinta que você está ao lado dela”. O médico destacou também que se deve ter em mente que a doença mental é como o diabetes, a hipertensão. Ela tem tratamento, tem controle, e a pessoa pode voltar a ter qualidade de vida. Esses são os caminhos para evitar o suicídio, afirmou.
Segundo ele, ainda não há dados que mostrem se a pandemia de covid-19 aumentou o número de suicídios. Ele lembrou, entretanto, que desde março de 2020 vem alertando as autoridades sobre a quarta onda da Covid, que é a das doenças mentais. A esse respeito, a ABP trabalha com três cenários, que incluem o desenvolvimento de doença mental em quem nunca apresentou sintoma, retorno dos pacientes aos atendimentos psiquiátricos após recidiva de sintomas que já estavam em remissão e agravamento dos quadros psiquiátricos de quem ainda estava em tratamento.
Substâncias químicas
O professor de pós-graduação em psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) Jorge Antonio Jaber Filho disse que 1/4 dos suicídios acontece em usuários de substâncias químicas. “O simples fato de uma pessoa fazer uso de drogas já a coloca no grupo de risco”, advertiu. Isso significa que de cada quatro pessoas que usam drogas, uma conseguirá se matar. “A estatística mostra que de cada 100 pessoas, 17 já pensaram em suicídio, três tentaram e uma acaba numa emergência hospitalar. É um fato que deve ser levado em consideração: que as substâncias químicas, álcool inclusive, maconha, cocaína, ecstasy’, LSD, anabolizantes e cafeínicos (bebidas com alto teor de cafeína) estão relacionados entre as drogas que causam maior possibilidade de uma pessoa se suicidar”.
Fonte Agência Brasil