A descoberta do seu líder

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– Gê, porque você não é mais o líder da manada?

– E quem disse que não sou, menina Clara?

– Ué, como você pode ser líder se poucas vezes eu vejo você junto deles?

– Menina Clara, um líder não precisa estar por perto para demonstrar sua liderança. O verdadeiro líder deixa a sua marca de forma sutil, na sua manada, no seu grupo. Porque na verdade, líder não é aquele que centraliza, dá ordens, distribui tarefas. É aquele que faz a sua parte e está por perto para ajudar a todos crescerem, porque ele cresce junto com o todo.

– Ah tá, disse Clara pensativa, enquanto descia do seu cavalo Getúlio, deixando a rédea solta para ele poder pastar o capim alto do redondel de descanso para cavalos.

– Mas se é assim, porque existem tão poucos como você? – perguntou enquanto sentava na grama.

– Menina Clara, você lembra que já lhe contei que a espécie eqüina tem mais de 60 mil anos neste planeta?

– Sim, lembro.

– Então, isto é tempo suficiente para desenvolver uma memória genética onde se aprende que um ser que não faz o processo de autoconhecimento, para saber dos seus pontos fracos e fortes, não deveria se habilitar para ser líder, explicou Getúlio. Portanto hoje em dia, você vai ver, em princípio, dois tipos de líderes. Aqueles que se impõem por “força” vamos dizer assim, e aqueles que são chamados a liderarem porque apresentam características excepcionais para tal função. Estes são os melhores, porque já fizeram uma boa parte da jornada do autoconhecimento e se forem ser líderes, o serão com a alma, não com o “relho” como se diz por aí. E eles conseguirão que seu grupo os siga, de forma espontânea, quase sem oposição, porque seus “liderados” se sentirão seguros, confiantes de que o líder não vai colocá-los em situações ruins, disse Getúlio, voltado sua atenção para o pasto.

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– Entendi, disse clara sentando na grama. Mas…Gê, como que isto acontece na manada? É a tal da regra do macho alfa?

Getúlio, depois de uma boa sacudida no corpo todo, respondeu.

– Menina Clara, entre os eqüinos há uma certa divisão de liderança. A fêmea Alfa é quem organiza a manada, define prá onde ir, e cuida do bem estar de todos. O macho alfa é a proteção da manada. Está sempre por perto e em sintonia com a fêmea alfa. Eles atuam juntos na proteção e no bem estar, explicou o cavalo.

– Humm, então uma liderança pode ser compartilhada? Perguntou Clara tomando as rédeas do cavalo nas mãos e começando a caminhar com ele.

– Sim, Menina Clara, pode e muitas vezes deve, porque divisão nem sempre significa separar as forças. Pode ser muito bem o contrário. E se esta liderança é bem compartilhada, harmônica, vai trazer o bem prá todos do grupo, porque ao final, é isto que importa, o bem estar de todos e não de um único indivíduo!

– Gê,

– Sim, Menina Clara.

– Como tu estás filosófico hoje, hein? Comentou Clara enquanto chegavam nas cocheiras.

*Inspirado na entrevista feita com Flávia de Oliveira Ramos, especialista em desenvolvimento de pessoas, usando técnicas do hipismo aprendidas ao longo de sua carreira como amazona.

A descoberta do seu líder

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