Na Guerra de Narrativas quem Leva a Melhor

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Tem mudança climática ou não? É veneno ou nova tecnologia para combate as pragas? O produtor desmata ou não desmata? Irrigação gasta ou não gasta água? Estamos vivendo uma guerra de narrativas muito intensa hoje. E ela ganha força, se ressalta ainda mais porque existem mais canais para se espalhar pela população. Se há 10 anos tinham somente os veículos de comunicação ditos normais – rádio, jornais, TVs, revistas – hoje, com o surgimento das redes sociais se ampliou por mil a possibilidade da informação e o debate ser jogado para dentro da população de forma imediata e para milhares de pessoas. Mas, sem qualquer filtro. O que torna esta guerra de opiniões/narrativas muito mais potente e, talvez, drástica em seus resultados.

É dito entre os historiadores que a história sempre foi escrita pelos vencedores. Talvez porque seus escribas fossem mais rápidos em espalhar as notícias. Na série de TV que retrata parte da vida de Gengis Khan, um dos líderes dos mongóis, ele deu como missão a Marco Polo, ser o seu “repórter” de tudo o que via nos outros povos e nas batalhas que aconteciam. Então, era a narrativa de alguém que via o fato por um lado somente. Um poderoso fato histórico foi o movimento das Cruzadas cuja justificativa era retomar Jerusalém das mãos dos infiéis muçulmanos. O que isto tem a ver com narrativa? Nobres, ricos, comerciantes e a Igreja Católica diziam que o movimento era para resgatar, para os católicos, Jerusalém, onde Jesus viveu. Mas escondiam que em verdade buscavam ampliar seus reinos e feudos para além dos seus países, e assim aumentarem seu poder e riqueza. Mas houve um autor que criou uma narrativa diferente. Salim Maalouf escreveu um livro chamado As Cruzadas Vistas pelos Árabes, (recomendo). Mostra a visão dos árabes sobre a chegada daqueles bárbaros, sem qualquer noção de higiene, com baixo nível de conhecimento e respeito ao outro.

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E só mais um exemplo? Quem contou sobre a chegada dos “descobridores” desta terra em 1500? O que ele falou? Alguém, anos depois foi saber dos povos originais qual a visão deles deste fato? Há pessoas que defendem um lado e outras que defendem a outra visão.

O que é visto hoje é realmente uma guerra de versões, no sentido de exercer até um poder sobre a informação, sobre aquele grupo que acredita nisto ou naquilo. E o que esta guerra de narrativas traz, em verdade é uma desinformação. Primeiro porque toda “guerra” levanta o véu sobre o lado irracional e não permite um debate, não permite conhecer outras visões e versões para serem checadas, debatidas e novas informações surgirem dali ou não, confirmarem aquelas que já estão. Seria bom para todos, buscar aplacar o dedo em riste do eu tenho razão e começar a ouvir mais versões sobre o mesmo fato. Assim podemos avançar em vários temas e crescer como seres humanos.

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