Ainda hoje é comum ouvirmos que depressão é “frescura”. Infelizmente, algumas pessoas preferem tampar os olhos para uma realidade cada vez mais presente no seu dia a dia, e se faz urgente que esse cenário seja desmitificado. Depressão é uma doença e demanda abordagem clínica adequada.
Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão no mundo. E um dado vem chamando a atenção: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge entre 10% e 20% dos adolescentes.
A adolescência é um período de descobertas e transformações, um terreno instável, de autocobrança, insegurança, pressões sociais e, consequentemente, muita angústia. O que pode levar, em alguns casos, à depressão. Diversos são os fatores que podem desencadear a doença: a genética, doenças crônicas, alguns aspectos da personalidade, como a baixa auto estima, ou gatilhos externos como, violência, traumas, abuso de álcool ou drogas, combinados com a dificuldade em lidar com situações desafiadoras e até a desregulação dos hormônios que controlam as emoções.
Há alguns anos, a depressão no adolescente já vinha pedindo uma atenção das famílias e dos profissionais de saúde, mas na pandemia esse cenário se intensificou. Segundo dados do JAMA – publicação médica a American Medical Association – divulgados em agosto de 2020, 1 em cada 3 alunos do ensino médio nos EUA disseram terem tido sentimentos persistentes de tristeza ou desesperança em 2019 (antes da pandemia), um aumento de 40% em relação a 2009, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. A tendência, diante dos desafios atuais, é que isso seja potencializado pelo cenário de pandemia da COVID-19.
Mas como saber se o jovem está apenas passando por um episódio de tristeza – sentimento normal no ser humano – ou deprimido? A tristeza é um estado momentâneo e isolado, já a depressão é a junção de vários sintomas: melancolia, irritabilidade, preocupação excessiva, ansiedade, perda de interesse por atividades e pessoas, isolamento social. Na depressão os sintomas são, normalmente, mais intensos e duradouros, podendo comprometer vários aspectos da vida do adolescente, como sua atividade estudantil ou profissional, sua relação com os amigos, a família e até no uso das redes sociais. Alguns sinais podem nos alertar para um possível caso de depressão em um adolescente, como por exemplo a perda do interesse em atividades até então prazerosas para ele, falta de disposição para qualquer atividade, explosões de raiva, ira por motivos pouco significativos, distanciamento dos amigos, ganho ou perda de peso, dificuldade para dormir ou sono em excesso, sentimentos negativos a todo momento, como culpa, depreciação de si mesmo, sensação de inutilidade, pessimismo. Na maioria das vezes, os jovens não reconhecem que estão deprimidos, por isso é importante que os pais e a escola, que também tem um papel fundamental, estejam atentos para reconhecer os sinais e, assim, agirem quando a ajuda se faz necessária. E o primeiro passo é procurar um profissional capacitado para iniciar o tratamento.
O tratamento da depressão irá depender do estágio da doença. Em muitos casos, apenas a terapia ajuda na melhora dos sintomas, mas o psicólogo pode encaminhar o adolescente para um psiquiatra, que irá avaliar se é necessária uma intervenção medicamentosa. Felizmente, os jovens geralmente respondem bem à terapia e aos medicamentos, quando necessários. Mas o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento. Importante: o apoio da família é fundamental em todo o processo. É preciso legitimar o sentimento apresentado, acolher, oferecer carinho, saber escutar e demonstrar que está ao lado do seu filho.
Em casos mais sérios, jovens acometidos pela depressão podem pensar e chegar a praticar o suicídio, portanto a depressão precisa ser seriamente encarada. Caso você suspeite que o adolescente, com o qual convive, esteja passando por algum transtorno psiquiátrico, busque ajuda especializada de um psicólogo ou psiquiatra.
Fonte: Efetiva Saúde