Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta milhões de crianças no mundo. Ela é caracterizada pela dificuldade de manter o foco e a concentração, pela hiperatividade e comportamento impulsivo. Muitas vezes, o diagnóstico pode ser confundido com ansiedade e deficiência intelectual, pois algumas crianças têm problemas de aprendizado devido à falta de atenção.
Diagnóstico precoce
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode se manifestar logo nos primeiros anos de vida. Embora o mais comum, atualmente, é que ele seja diagnosticado na idade escolar (entre os cinco e sete anos), alguns sinais podem surgir aos três anos. O psiquiatra do GNDI e responsável pelo Núcleo de Terapias Integradas ABC, Dr. Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, explica que crianças inquietas, explosivas, agressivas com outras pessoas, que costumam chorar muito e não dormir bem podem apresentar indícios de TDAH.
Para descobrir, é preciso prestar atenção no comportamento da criança e levá-la a um psiquiatra ou psicólogo, que fará uma análise clínica com base nos sintomas. “O paciente pode apresentar mais desatenção ou hiperatividade. Essa criança tenta se concentrar, mas não consegue prestar atenção e se dispersa muito rápido. Ela também não consegue manter uma organização e acaba perdendo coisas com facilidade”, explica. Já quando a hiperatividade é mais acentuada, há uma dificuldade de esperar a vez. “Neste caso, a dinâmica social é disfuncional, pois essa criança não consegue aguardar parada em uma fila ou esperar outra pessoa parar de falar antes de responder”.
Muitas vezes, crianças com TDAH podem ter o diagnóstico confundido com ansiedade, transtorno de conduta ou transtorno bipolar. Mas, segundo o especialista, existem testes e exames que podem auxiliar no diagnóstico – como o eletroencefalograma, testes neuropsicológicos para avaliar a atenção e testes de impulsos.
Sinais e tipos
Existem três tipos de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade: os predominantemente desatentos, predominantemente hiperativo-impulsivo e o tipo combinado – o mais comum.
Os sinais mais comuns para predominantemente desatentos são:
- Erros básicos na escola ou trabalho
- Dispersão
- Dificuldade em se manter focado
- Aparenta não estar ouvindo quando estão falando
- Dificuldades para seguir um planejamento diário
- Limitações para organizar tarefas e atividades
- Dificuldades para executar tarefas que exigem atenção, mesmo em casa
- Esquecimento de tarefas solicitadas
- Distração
Os sintomas para o tipo predominantemente hiperativo-impulsivo são:
- Inquietação
- Movimentar mãos, pernas e braços (agitação)
- Estar em constante movimento
- Dificuldades para realizar atividades
- Falar incansavelmente
- Interromper enquanto outra pessoa está falando
- Dificuldade em esperar
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Causas
As causas ainda não foram cientificamente comprovadas. “Existem estudos que apontam, por meio de ressonâncias magnéticas, que crianças com TDAH têm algumas funções cerebrais hipofuncionantes, uma redução do funcionamento de algumas regiões cerebrais, principalmente do córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos e de comportamentos complexos de planejamento”, explica Dr. Hercílio. Ele acredita que essas crianças podem ter um perfil diferente de maturação cerebral – alterações que acontecem durante a infância e a adolescência.
Outras possíveis causas, segundo o médico, são as exposições a componentes químicos e síndromes virais durante a gestação, além de complicações do desenvolvimento precoce, pós-parto e no desenvolvimento neuropsicomotor.
Propensão a transtornos de humor
Por apresentarem dificuldades no entendimento, atenção e execução de atividades diárias, as crianças que têm TDAH podem sofrer julgamentos do ciclo de pessoas do cotidiano e isso pode resultar em um comportamento psicológico negativamente afetado. Muitas crianças, quando não são diagnosticadas, acabam tendo desenvolvimentos ruins na escola e, por conta de comportamentos impulsivos, podem ser expulsas. Por isso, segundo Dr. Hercílio, elas estão mais vulneráveis a desenvolver transtornos de humor, como a depressão ou a ansiedade.
Pessoas com TDAH tendem a sofrer com baixa autoestima. Isto acontece pelas dificuldades de interagir com outras pessoas e pela maneira que os outros se comportam quando não sabem lidar com quem tem o transtorno. Na adolescência, o médico explica que há uma tendencia maior ao uso de substâncias químicas: “uma das nossas maiores preocupações é que essas pessoas ficam mais vulneráveis às drogas e ao álcool. Precisamos prestar muita atenção”.
O TDAH não causa outros transtornos, mas a condição faz com que as pessoas sejam mais propensas a:
- Dificuldade de aprendizagem
- Ansiedade
- Depressão
- Bipolaridade
- Comportamento antissocial
- Má conduta social
Adultos também tem TDAH?
Cerca de 20% das crianças com TDAH se tornarão adultos com desatenção e impulsividade. Dr. Hercílio conta que, como o diagnóstico é algo relativamente recente, muitos adultos só descobriram que tiveram (ou ainda têm) Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade após os 20 anos. “O TDAH típico é considerado um transtorno do desenvolvimento e afeta crianças e adolescentes. Muitas vezes, essas pessoas vão se tornar adultos totalmente funcionais; em outras, pode ser que ainda tenham alguns sintomas”, comenta.
Quando o assunto é diagnóstico de adultos, o psiquiatra conta que, além dos mesmos exames e testes recomendados na infância, o especialista responsável irá perguntar sobre a história de vida do paciente para entender como houve a manifestação de sintomas para, assim, iniciar o tratamento adequado.
Tratamento
Após o diagnóstico, o tratamento tem uma grande relevância para melhorar a qualidade de vida da criança. Em alguns casos, basta um acompanhamento com psiquiatra, psicólogo e terapeuta ocupacional – todos disponíveis no Núcleo de Terapias Integradas ABC que o GNDI mantém em São Bernardo do Campo. Segundo Dr. Hercílio, o método de Terapia Cognitiva Comportamental pode ajudar na adaptação da criança e no treino com a família.
No entanto, alguns casos terão a necessidade de medicamentos: o mais comum é a Ritalina, que ajuda no controle de impulsos, foco e organização de planejamento. “Essa medicação propicia, sem dúvida nenhuma, uma melhora de funcionalidade da criança, uma melhora da atenção, do comportamento em relação à hiperatividade e, consequentemente, ganho de qualidade de vida para a criança, à família e um melhor desempenho escolar”, explica o psiquiatra. Outra prescrição comum é de antidepressivos, que precisarão de acompanhamento médico e suporte psicológico. “Tudo vai depender da aceitação da criança.”
É importante destacar que o tratamento não garante que a pessoa continuará ou não a ter TDAH na vida adulta, mas é de extrema importância para melhorar a qualidade de vida da criança e, quanto antes for iniciado, melhor a pessoa irá lidar com o transtorno.
Núcleo de Terapias Integradas ABC
O tratamento para TDAH e outros transtornos do desenvolvimento infantil está disponível sem custos adicionais no Núcleo de Terapias Integradas ABC. Com uma equipe multidisciplinar, a criança receberá um tratamento integral em um único lugar. Para o Dr. Hercílio, o trabalho em conjunto de profissionais de diferentes áreas é “rico e traz muitos ganhos”. “Existe um trabalho social com a família, porque quem tem uma criança com TDAH – principalmente com hiperatividade – passa por muitos sofrimentos por conta das dificuldades sociais e de aprendizado”.
A Unidade fica localizada em São Bernardo do Campo e conta com diversos tipos de terapias, tais como Método de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), terapias com PECS, TEACHH, terapia de cabine, musicoterapia e muitas outras.
Fonte Blog da Saúde