Bastante desconfortável, aquela sensação de queimação no estômago pode ser comum após exagerarmos em uma refeição. No entanto, quando esse sintoma se torna frequente e intenso, é necessário ficarmos atentos à nossa saúde, já que isso pode ser um indício de alguma condição, como úlcera, gastrite e refluxo — doenças que geram muito incômodo e comprometem a sua qualidade de vida.
Pelo fato de apresentarem sintomas parecidos, muitas vezes, há certa dificuldade para identificar qual problema realmente está afetando o seu organismo. Somente a partir dessa descoberta é possível realizar o tratamento adequado.
O que é gastrite?
Caso você tenha a sensação de dor na região da “boca do estômago”, saiba que isso pode ser muito mais do que uma simples queimação. Isso porque, esse é um dos principais sintomas da gastrite, que é definida como uma inflamação, que acontece no revestimento interno do estômago.
Em relação ao tempo da doença, essa alteração pode ser diagnosticada como sendo aguda ou crônica. A gastrite aguda normalmente tem um agente específico, como uma bactéria, vírus ou uso de medicações que irritam o estômago, como anti-inflamatórios. A gastrite crônica é a mais comum e é associada ao estilo de vida, como alimentação, estresse e sedentarismo.
Dependendo de sua gravidade, a gastrite pode atingir a mucosa estomacal inteira ou apenas parte dela. Ela pode dar origem a uma inflamação mais intensa, com destruição do tecido do estômago, chamada de gastrite erosiva ou até evoluir com úlceras.
Sintomas da gastrite
De acordo com dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), aproximadamente 70% da população brasileira tem algum tipo de gastrite. Identificar os sintomas da doença é imprescindível para buscar ajuda médica rapidamente.
Veja quais são os mais comuns:
- indigestão;
- azia;
- dor de estômago intensa;
- perda de apetite;
- náuseas e vômito;
- sensação de estufamento;
- presença de sangue no vômito ou fezes nos casos mais graves.
O que é úlcera?
Úlcera é o nome que se dá a qualquer lesão em que se quebre a barreira de proteção de um tecido. Uma úlcera comum e normalmente sem repercussões graves é a úlcera oral, que recebe o nome de afta.
Quando falamos de gastrite e refluxo, podemos ter três tipos de úlcera: a gástrica, a duodenal e a esofágica. A primeira se desenvolve dentro do estômago, a segunda ocorre no início do intestino delgado logo após a saída do estômago e a terceira acontece dentro do esôfago.
O nosso estômago contém diversas substâncias produzidas pelo nosso corpo para realizar a digestão dos alimentos. Um dos mais importantes é o ácido clorídrico, cuja função é auxiliar na decomposição das proteínas. Em uma pessoa saudável, existe um equilíbrio entre a produção do ácido e dos fatores que protegem o estômago da sua ação. Já em indivíduos com alterações no estômago, esse equilíbrio não é mantido, causando a deterioração das paredes estomacais e do duodeno (porção inicial do intestino delgado), o que chamamos de úlcera.
Diferentemente do que acontece na gastrite, a úlcera gástrica causa uma ferida mais profunda na parede do estômago, ocasionando dores muito mais intensas e persistentes. Apesar disso, é comum pessoas com úlceras (inclusive com sangramentos) terem poucos sintomas ou mesmo serem assintomáticos.
O desenvolvimento da úlcera estomacal e duodenal está associado à bactéria Helicobacter pylori ou à ingestão de medicamentos, principalmente os anti-inflamatórios, além de consumo de cigarro ou bebida alcoólica, e fatores genéticos.
A úlcera esofágica normalmente se dá também pelo excesso de ácido passando pela mucosa esofágica (refluxo), um órgão que não tem todos os fatores de proteção que o estômago tem, levando a uma inflamação, a esofagite, e ocasionalmente fazendo úlceras.
Sintomas da úlcera
A úlcera é uma doença mais acentuada que a gastrite, o que geralmente leva a sintomas e incômodos mais fortes e com mais gravidade, tais como
- vômitos com presença de sangue;
- sensação de queimação ou dor na parte localizada entre o umbigo e o esterno que costumam ocorrer quando o estômago está vazio;
- fezes com cor escura ou presença de sangue.
- sensação de inchaço depois da ingestão de conteúdos líquidos;
- fadiga;
- dor no peito;
- perda de peso.
O que é refluxo?
O refluxo consiste em uma condição que se desenvolve quando o conteúdo presente no estômago refaz o caminho para o esôfago, onde o mucosa não se encontra preparada para lidar com substâncias ácidas e irritantes. Em alguns casos, pode chegar até a boca e as vias aéreas, provocando uma sensação desagradável, ou ainda afetar a laringe e os pulmões.
Certamente você já ouviu falar sobre refluxo em crianças em decorrência da fragilidade dos tecidos que fazem a barreira entre o esôfago e estômago, mas o problema também é comum em adultos. Uma das causas do refluxo pode ser a hérnia de hiato — uma alteração anatômica que acarreta o funcionamento inadequado do esfíncter esofágico inferior, que é uma válvula que impede que os restos de alimentos voltem para o esôfago.
Sintomas do refluxo
O refluxo se diferencia da gastrite e da úlcera em relação aos sintomas, uma vez que estes são menos intensos do que nas outras duas doenças, mas também provoca incômodos. Os sintomas mais recorrentes são:
- azia ou sensação de ardência que começa no estômago e se estende para a boca;
- alimentos voltam para a boca sem que haja vômito;
- tosse seca por conta da irritação das mucosas;
- dificuldade e dor para engolir alimentos;
- dor na capacidade torácica não cardíaca.
Qual tratamento é recomendado?
Mais do que modificar os seus hábitos de vida, é imprescindível buscar ajuda médica para obter um diagnóstico preciso sobre qual é o problema que o seu organismo está enfrentando. Apenas por meio de uma consulta e exames apropriados será possível chegar a uma conclusão.
Normalmente, dependendo do grau de gravidade de cada doença, o tratamento é feito com a introdução de medicamentos inibidores da bomba de prótons, como esomeprazol, omeprazol, lansoprazol e pantoprazol, além de outros. A ingestão desses remédios reduz a produção de ácidos no estômago e melhora os fatores de proteção da mucosa, permitindo que você possa diminuir a inflamação, cicatrizar a mucosa e melhorar a sua qualidade de vida.
Revisão de hábitos alimentares
Embora de formas diferentes, as três patologias estão atreladas a substâncias ácidas presentes no estômago. Partindo desse princípio, revisar os hábitos alimentares é essencial para evitar esses problemas ou as suas complicações
Comece evitando alimentos que aumentem a produção de suco gástrico, como:
- salgadinhos com conservantes;
- suco em pó;
- embutidos;
- frituras no geral;
- café;
- refrigerante e água gaseificada;
- feijão, vagem e ervilha;
- doces com alta concentração de açúcar;
- verduras e legumes crus;
- condimentos picantes e molhos apimentados.
Além disso, é recomendado dar prioridade para os alimentos saudáveis, como frutas e vegetais frescos, cereais integrais (pão integral, arroz integral e macarrão integral), que quando consumidos ajudam a facilitar a digestão. Assim, a produção de ácido no estômago é reduzida, diminuindo também a ocorrência de dor, azia, enjoo e vômito.
Prática de exercícios físicos
Você deve estar se perguntando o que a prática de exercícios físicos tem a ver com problemas estomacais, não é mesmo? Quando praticadas moderadamente, as atividades físicas liberam hormônios anti-inflamatórios que são originados a partir das contrações musculares e contribuem para inibir os sintomas provocados pela inflamação gástrica.
Portanto, se você leva uma vida sedentária, está na hora começar a se exercitar o quanto antes. Porém, para quem tem refluxo, a dica é pegar leve, haja vista que o aumento da pressão abdominal causado por alguns exercícios pode elevar a pressão dentro do estômago e, assim, potencializar os sintomas da doença.
Úlcera, gastrite e refluxo apresentam sintomas semelhantes e que causam incômodos que podem atrapalhar a sua rotina. Contar com o suporte de médicos especializados no assunto, como gastroenterologistas, é o primeiro passo para entender qual é o grau em que o seu organismo desenvolveu o problema e quais as medidas necessárias para evitar maiores danos.
Fonte Vida Saudável