Motores híbridos chegarão ao campo?

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Se você é alguém ligado a novas tecnologias e quer saber se as máquinas agrícolas serão equipadas com motores híbridos ou somente elétricos, a resposta é sim. A questão que vem na sequência é quando? E então será preciso dizer que levará muitos anos ainda. Mas não pense que é má vontade da indústria fornecedora de motores para este segmento, porque as pesquisas estão sendo feitas há anos, em busca da melhor solução, tanto em termos de performance quanto em autonomia.

Mas porque vai demorar tanto se nos centros urbanos a substituição de automóveis movidos a combustão por motores elétricos já está em curso inclusive com a determinação, na Europa, de que até 2035 somente poderão circular carros elétricos naquele continente. Primeiro é preciso dizer que a indústria de automóveis é mais dinâmica em termos de atender às demandas dos seus consumidores, principalmente se ela percebe que há clientes dispostos a pagar mais por um produto que o faz diferenciado, pois está rodando num carro ecologicamente correto. Se bem que até se pode contestar isto já que para produzir uma bateria de carro é preciso perfurar a terra em busca dos metais que a compõem e isto, com certeza, deixa um passivo ambiental bem significativo.

E também é preciso dizer que fazer um motor elétrico para tratores ou colheitadeiras, não seria tão complicado assim. Algumas adaptações serão necessárias porque ele é um motor para tração, força e não para velocidade, mas isto é tranquilo. Dois pontos vão explicar a demora. Um deles é que um trator, por exemplo, simplesmente dobraria de valor no mercado e até o momento não se percebe que o produtor rural veja ganhos nesta troca. E porque eu sei isto? Porque ao ser contratado pelo grupo LS, dona da LS Mtron, que por sua vez possui o negócio de tratores LS Tractor, pude conhecer na matriz, na Coreia do Sul, um protótipo de trator híbrido, movido a diesel e eletricidade. Isto foi há 10 anos. Até hoje ele é um experimento de pesquisa e não foi colocado no mercado, por conta do alto custo final.

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Mas o segundo ponto é que antes de implementar o motor híbrido ou elétrico, ainda é preciso criar toda a infraestrutura de recarga das baterias, de locais para trocá-las, logística reversa, entre outras questões importantes. E isto também demanda tempo, discussões entre todos os fornecedores, preparação de oficinas, etc, etc.

Pensar em motorizações que diminuam os impactos no meio ambiente, para serem usadas em máquinas agrícolas é positivo, instiga a indústria. E a própria indústria tem pesquisado sobre o assunto. Mas este não pode ser um movimento de um único ator em um cenário que une um sistema de produção bastante extenso, como é o segmento automotivo. É preciso colocar muitas pessoas em torno de uma mesa para discutir todos os processos necessários a serem realizados para que esta iniciativa tenha sucesso. E é preciso saber se estes outros atores estão preparados para dar o feedback esperado. Porque todo o movimento sempre traz consequências em ondas, com reflexos em diversos outros setores, para que traga o resultado esperado para o consumidor final, do contrário, vai criar frustrações no mercado. E depois que isto acontecer, desfazer a imagem ruim, vai ser bem mais difícil!

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