A real garantia dos tokens e porque apostar nessa “moeda”

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Noticiada nas últimas semanas de 2022, o crash da exchange FTX provocou dúvidas e incerteza no mercado de ativos digitais. Reação compreensível, dado que este nicho financeiro está em expansão e desenvolvimento. O momento, porém, soa como oportunidade de investimento em diversos segmentos, como dentro do meio rural, por exemplo. Recente estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a ADDX projeta que o mercado de tokenização alcance US$ 16 trilhões até 2030, o equivalente a 10% do atual PIB global.

Para tornar este cenário mais palpável e plausível, é preciso esclarecer conceitos e quebrar paradigmas relativos à segurança das transações. Inscritos em blockchain, tecnologia que garante o registro das transações e sua validade, os tokens são a representação digital de algum ativo financeiro do “mundo físico”, ou seja, cada vez que eu emito um token, recebo um certificado com números criptografados, que garante a sua existência. Seu valor oscila de acordo com o custo deste bem no mercado, conforme o prognóstico econômico, como a lei de oferta e demanda.

A solidez dos tokens os caracteriza como moedas estáveis, de baixa volatilidade (stablecoins). Seu valor é integralmente baseado na garantia de um item que existe, de fato (lastro) e que pode ser monitorado pelos realizadores da operação financeira em questão. No caso de tokens que estão conectados aos negócios de commodities, por exemplo, a volatilidade é o preço do grão, conforme valor indexado em índices como Esalq, CEPEA/B3, Argus e Platts. Na prática, o valor digital varia conforme o preço do ativo, ou seja, soja, milho, boi gordo, etc..

Os tokens ainda se dividem em quatro tipos. Os NFTs (tokens não fungíveis – que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie), cujo valor está vinculado à origem da emissão do ativo físico, (grãos, por exemplo) são os mais difundidos: basicamente, contêm um código com o registro do objeto “real”. Já os payment tokens (tokens de pagamento) são utilizados para transferir capital, enquanto os security tokens (tokens de segurança) simbolizam produtos imobiliários e também podem ser transacionados. Por fim, os utility tokens (tokens de utilidade) representam o acesso a serviços digitais, (serviços bancários).

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As três últimas categorias se destacam por sua fungibilidade: isto é, a legitimidade da stablecoin é idêntica nas fronteiras do país em que foi gerada. Por exemplo: um token criado no Brasil para representar uma tonelada de soja, milho ou trigo tem o mesmo valor em todo o território nacional, independentemente do estado que ele foi emitido. Isso o torna, efetivamente, uma moeda de valor único. Vale lembrar que, se o preço da soja sobe, o valor deste “agrotoken” automaticamente se valoriza. É uma característica que democratiza e facilita o investimento em ativos físicos.

A população em geral, que não atua diretamente neste mercado, também pode adquirir tokens na baixa para depois transacioná-lo por um custo mais alto, com fácil fracionamento do valor total e maior liquidez. A aplicabilidade deste investimento em tokens fungíveis se dá por meio dos smart contracts, rastreados via blockchain. Descentralizados e sem intermediários, esses acordos eletrônicos podem ser verificados por meio de consulta pública, de forma simples, ágil e transparente. São imutáveis e invioláveis, devido a seu número hash (resumo), certidão algorítmica documental que concentra todas as cláusulas e condições do ativo digital. Tudo isto está facilitando a entrada desta tecnologia nas negociações de compra e venda das commodities agrícolas.

Destokenizar também é um processo muito seguro e simples. Se a stablecoin ainda não foi negociada, a solicitação pode ser feita às corretoras a qualquer momento e, na maioria das vezes, sem custo algum. Aliás, além da liquidez, o baixo custo do investimento, comparado a produtos financeiros tradicionais, é um dos principais atrativos deste negócio, já que dispensa cartórios, registros e averbações.

Mais que o futuro dos investimentos, os tokens já fazem parte do presente. O próprio Banco Central já olha para as stablecoins, com o fim de criação de uma versão digital do Real: a emissão virtual da moeda oficial, regulada pela autoridade monetária nacional. Destaque também para a nova Lei 14.478/2022, sancionada em dezembro, que regulamenta o setor de ativos digitais no Brasil e passa a exigir maior transparência de governança das exchanges, como, por exemplo, a obtenção de licença de prestador de serviços virtuais. Com este panorama em vista, sem dúvida, em médio e longo prazo, mais e mais brasileiros serão adeptos à tokenização e a seus diferenciais competitivos.

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Sobre a Agrotoken A Agrotoken é a primeira empresa do mundo a criar tokens fungíveis a partir de commodities agrícolas, com o objetivo de digitalizar e democratizar o agronegócio. A plataforma tecnológica promove um ecossistema simples, justo, equitativo e eficiente, que permite aos produtores rurais “transformar” sua produção em ativos digitais reais e confiáveis, habilitados para realizar diversas operações financeiras. Com tecnologia blockchain 100% digital, a startup de origem argentina acaba de realizar as primeiras tokenizações no Brasil.

A real garantia dos tokens e porque apostar nessa “moeda”

 

 

Anderson Nacaxe

Diretor Nacional da startup Agrotoken

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