Pesquisa indica que 92,4% do setor de transporte foi afetado pela pandemia
Fotos de gôndolas vazias em supermercados surgiram em diversos países nas últimas semanas. Itália, China, Espanha, Portugal, Alemanha e Estados Unidos, foram alguns exemplos de nações em que as pessoas correram ao comércio para fazer estoque de produtos, devido ao medo de desabastecimento de mantimentos provocado pela Covid-19. No Brasil, capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte repetiram o cenário internacional.
Em 18 de março, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, falou durante evento no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) sobre o compromisso do campo na manutenção do trabalho para assegurar o abastecimento no país. No mesmo sentido, em 3 de abril, ministros de 25 países da América Latina e Caribe assinaram documento que visa o desenvolvimento de ações que apoiem o funcionamento do sistema alimentar entre as nações.
Além destes compromissos, o setor de logística é fundamental para a manutenção dos serviços de abastecimento. De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), de 8 de abril de 2020, no Brasil há 712.773 registros emitidos para transportadores de veículos, distribuídos entre autônomos, empresas e cooperativas. Segundo a pesquisa de Impacto no Transporte Covid-19, realizada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), 92,4% do setor de transporte relata que foi afetado pela pandemia do novo Coronavírus.
Nas entregas, há dificuldade para desabastecer o caminhão com os estabelecimentos fechados em atenção ao período de quarentena, principalmente para as cargas que não são de alimentos. Outra dificuldade dos caminhoneiros é com relação aos estabelecimentos fechados nas estradas, como restaurantes, lojas de borracharia e elétrica, deixando-os sem estrutura.
Como meio de oferecer suporte aos motoristas de caminhão, o Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), desde 27 de março promove uma mobilização nacional, com mais de 200 unidades espalhadas pelo país, que fazem distribuição de produtos de higiene e alimentação aos caminhoneiros, além de orientar sobre medidas de prevenção a Covid-19. Também haverá ações itinerantes com vans.
A mobilização é realizada em parceria com o Ministério da Infraestrutura, Polícia Rodoviária Federal, concessionárias de rodovias, empresas e entidades de transporte e órgãos públicos locais. A lista com os pontos de apoio é atualizada ao longo dos dias.
As informações sobre os pontos de apoio estão disponíveis no portal do Sest Senat e no aplicativo InfraBR Caminhoneiro, onde no menu “Coronavírus” são mostradas as unidades de distribuição dos kits e estabelecimentos abertos como restaurantes, postos de combustível, borracharias e oficinas. No aplicativo também há um questionário para avaliação da saúde do motorista. De acordo com as informações no InfraBR, os dados coletados ajudarão o Governo Federal a otimizar ações voltadas aos caminhoneiros.
Junto ao poder público, a sociedade civil também tem feito mobilizações para apoiar os caminhoneiros. Na região norte de Mato Grosso do Sul, o grupo no WhatsApp “Pecuária MS”, juntou recursos para compra de ovos de Páscoa para os motoristas. “174 pessoas participam do grupo e ali tem agricultores, pecuaristas, pessoas voltadas ao agronegócio, então todo mundo se empenhou e doou um valor”, conta o médico veterinário Leonardo Garcia, que esteve envolvido na ação.
O grupo no aplicativo de conversas existe há três anos e a ideia de presentar os caminhoneiros surgiu há algumas semanas e, desde lá, os recursos foram coletados. A distribuição ocorreu no último sábado (10) e contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). sba1.com