Já ouviu falar em biolodo? Se não, dê uma olhada no que ele pode fazer. Ele saiu do esgoto da cidade e está adubando pastos no campo, e dando resultados muito positivos na produção de bovinos. Imagine um adubo revolucionário capaz de transformar pastagens comuns em verdadeiros oásis de produção leiteira. Este é o biolodo.
Pois bem, os pequenos produtores da região do Assentamento 21 de Abril, em Cuiabá, estão descobrindo os segredos desse insumo e estão colhendo os frutos dessa inovação. Quem deu detalhes sobre o biolodo foi a engenheira química e diretora operacional da Águas Cuiabá, Julie da Cunha Campbell.
A especialista foi a grande entrevistada do programa Giro do Boi nesta quarta-feira, 2, que também contou com o depoimento do técnico Fernando Caxeiro, zootecnista da Secretaria Municipal de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico de Cuiabá (MT).
A iniciativa é uma parceria entre a empresa de saneamento e esgoto Águas Cuiabá, a Prefeitura Municipal e a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT). A Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) também abraçaram essa causa.
Do esgoto para o adubo
A Águas Cuiabá trata todo o esgoto que chega até ela, e o que antes ia parar num aterro sanitário, hoje serve como insumo seguro e devidamente tratado para o uso agrícola.
Um dia de campo, realizado no início deste ano, apresentou os incríveis resultados da aplicação do biossólido de lodo nas pastagens. E os números são impressionantes: tanto a produção de capim e a produção leiteira aumentaram em até 150%.
O segredo do sucesso está na composição especial desse adubo. O biolodo funciona como um condicionador de solo, repleto de nutrientes essenciais, como o nitrogênio, e matéria orgânica, que impulsiona o crescimento das plantas.
Além disso, o calcário presente no insumo corrige a acidez do solo, contribuindo para uma produção maior e mais saudável. Os resultados já são visíveis e comprovados pelos produtores locais. Um deles relata que a produção leiteira mais que dobrou, passando de 8 litros para incríveis 20 litros por vaca por dia. Uma transformação impressionante.
Processos de Tratamento
Todo o esgoto coletado das residências conectadas à rede pública de saneamento é canalizado até estações de tratamento de esgoto (ETE’s), onde é submetido a processos físicos, químicos e biológicos. O lodo de esgoto gerado em todo esse processo de tratamento é repleto de microrganismos, que se multiplicam rapidamente. O material é processado para que o odor seja reduzido e microrganismos patogênicos (que provocam doenças) sejam eliminados.
“Com toda essa técnica em tratamento envolvida, chegamos assim a um produto com uso benéfico na agricultura, seguro para as pessoas e para o meio ambiente. O biossólido é rico em matéria orgânica e possui uma quantidade significativa de nutrientes, como molibdênio, magnésio, nitrogênio, fósforo, ativos importantes à fertilidade dos solos”, pontua Julie Campbell, diretora de operações da concessionária.
O aproveitamento do biossólido em áreas agrícolas segue requisitos ambientais e agronômicos normatizados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema). Essas normas proíbem o uso direto para cultivo em hortas, tubérculos, raízes, culturas inundadas e culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo. O uso é apto em culturas como a fruticultura, feijão, milho e para a adubação de pastagens.
FONTE: Canal Rural