Brasil Exposto: Madeira Ilegal da Amazônia Invade Mercados da Europa e EUA

em Agronegócio
9 de abril de 2025
Brasil Exposto: Madeira Ilegal da Amazônia Invade Mercados da Europa e EUA

**Madeira Ilegal do Pará é Transportada para EUA e Europa, Revela Investigação**

A cidade de Belém, capital do Pará, está preparando-se para sediar a COP30 em novembro deste ano, um evento de grande importância para discutir as mudanças climáticas. No entanto, um relatório elaborado pela Environmental Investigation Agency (EIA) trouxe à tona uma realidade sombria: quase 2 mil navios porta-contêineres transportaram madeira extraída ilegalmente do Estado para a Europa e os Estados Unidos nos últimos anos. Essa descoberta não apenas expõe a vulnerabilidade do sistema de controle ambiental no Brasil, mas também questiona a capacidade do país em honrar compromissos internacionais de proteção ao meio ambiente.

**A Escala do Problema: Dados e Impactos**

A investigação, baseada em imagens de satélite, registros oficiais e entrevistas, identificou cerca de 53 mil metros cúbicos de madeira irregular em quatro locais específicos do Pará. Esses locais incluem áreas sancionadas, sob embargo ou com mineração ilegal de ouro, evidenciando uma Lack de fiscalização e cumprimento da legislação ambiental. A magnitude do problema é alarmante, considerando-se que a extração ilegal de madeira contribui significativamente para o desmatamento da Amazônia, afetando a biodiversidade e exacerbando as mudanças climáticas.

**Corrupção e Irregularidades na Cadeia de Suprimentos**

O relatório destacou uma cultura de corrupção e manipulação de estruturas legais no setor madeireiro. Foram detectadas irregularidades em quase todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde a concessão de permissões até a exportação. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará foi acusada de renovar ou não remover concessões com infrações, incluindo um caso posteriormente embargado pelo Ibama. A Semas, em resposta, afirmou estar reforçando padrões e mecanismos de avaliação, apreendendo mais de 12.000 metros cúbicos de madeira ilegal e embargando 500.000 hectares de terra entre 2023 e 2025. Essas ações, embora bem-intencionadas, parecem insuficientes diante da escala do problema.

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**Espécies Protegidas e Comércio Ilegal**

A EIA vinculou 19 serrarias, 16 exportadores e 30 importadores norte-americanos e europeus ao comércio de madeira ilegal, incluindo espécies protegidas como ipê e cumaru. Essas madeiras, altamente valorizadas no mercado internacional, são utilizadas na fabricação de decks e móveis de luxo. A presença dessas espécies na lista de ameaçadas da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES) agrava a situacao, destacando a urgência de ações efetivas para o combate ao comércio ilegal. Empresas como a Sabra International foram apontadas como compradoras de madeira ilegal, mas o silêncio dessas empresas diante das acusações só reforça a percepção de impunidade no setor.

**Lavagem de Madeira e Subornos: Um Sistema Paralelo**

A investigação também encontrou indícios de lavagem de madeira, com locais de extração apresentando pouca ou nenhuma evidência de atividade, sugerindo o uso de concessões para esconder operações ilegais. Além disso, alguns locais haviam sido multados ou embargados por irregularidades, mas continuaram operando, evidenciando a falta de efetividade nas ações de fiscalização. Documentos de origem são facilmente comprados e vendidos para legalizar madeira ilegal, com relatos de subornos a funcionários para facilitar licenciamento e inspeções. Esse sistema paralelo de corrupção não apenas prejudica o meio ambiente, mas também debilita a economia formal e a confiança dos investidores internacionais.

**Repercussão Internacional e Desafios para o Brasil**

A descoberta de madeira ilegal brasileira em mercados europeus e norte-americanos pode gerar tensões diplomáticas e comerciais. A União Europeia e os EUA têm leis para combater o comércio de madeira ilegal, mas a existência de brechas e a falta de fiscalização efetiva permitem que o setor ilícito prospere. O relatório da EIA é um alerta sobre a urgência de medidas eficazes para combater a extração e comércio ilegal de madeira no Brasil. A presença de espécies protegidas e a magnitude do problema exigem uma resposta conjunta de governos, setor privado e sociedade civil.

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**O Desafio da COP30 e o Futuro da Amazônia**

A COP30, a ser realizada no Pará, será um ponto de inflexão para o Brasil. O evento deve abordar os desafios ambientais globais, mas a revelação do relatório questiona a capacidade do país em controlar a exploração ilegal de recursos naturais. O mundo estará atento às ações concretas do Brasil para resolver esse problema, e a inação pode ter consequências devastadoras, não apenas para o meio ambiente, mas também para a economia e a imagem do país no cenário internacional. A comunidade global espera que o Brasil, sediar da COP30, mostre liderança e compromisso com a preservação da Amazônia, garantindo que a exploração madeireira seja feita de maneira sustentável e legal, para as gerações presentes e futuras.

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