Desde que foi declarada a pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, e o isolamento social foi recomendado como uma das medidas para o seu controle, outra preocupação se somou à da propagação do vírus: a manutenção da saúde mental da população diante de um cenário tão inesperado. E, agora, pouco mais de um ano de pandemia de COVID-19, como está a saúde mental do brasileiro?
Várias pesquisas estão sendo realizadas para responder a essa pergunta. O objetivo desses estudos de mapeamento é guiar ações concretas que possibilitem a melhoria da qualidade de vida e da capacidade de tomada de decisões pessoais e coletivas, mesmo num momento tão delicado como o que todo o mundo está passando.
O medo foi o principal sentimento manifestado pelos brasileiros, principalmente entre os profissionais de saúde, ao longo do primeiro semestre de pandemia. O principal medo deles, é o de transmitir a doença para pessoas queridas.
A resposta emocional à pandemia pode variar de acordo com gênero e condições socioeconômicas. Excesso de tarefas, falta de perspectiva e insegurança econômica agravam o quadro.
Num estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) observou-se que as mulheres, pessoas sem filhos, estudantes e pacientes com doenças crônicas e pessoas que tiveram contato com outras pessoas com diagnóstico de COVID-19 foram os mais afetados emocionalmente pela pandemia.
Outro dado importante percebido na pesquisa: níveis elevados de estresse, depressão e ansiedade foram relatados por mulheres que moram sozinhas e sem filhos. Os pesquisadores acreditam que esses casos estejam associados a outras variáveis que contribuem para o adoecimento: muitas das entrevistadas estavam desempregadas, tinham histórico de doenças crônicas (25,9%) e relataram ter tido contato com pessoas com diagnóstico de COVID-19 (35,2%).
A forma de encarar a situação tendeu a ser mais negativa, com técnicas de “fuga-evitação”: 40,8% teve maior consumo de drogas ilícitas ou lícitas (álcool e cigarro), medicamentos e alimentos, e quase metade dos participantes expressou ter tido sintomas de depressão (46,4%), ansiedade (39,7%) e estresse (42,2%).
Além de ter verificado aumento no consumo de álcool, esse estudo ainda pontuou que, apesar de uma parcela da população ter aumentado o consumo de alimentos saudáveis durante a pandemia, nas populações mais vulneráveis economicamente foi o consumo de alimentos ultraprocessados que aumentou.
Apesar de ainda serem estudos preliminares, essas pesquisas já alertam para a importância de continuarmos focando em medidas de prevenção, mas sem descuidar da saúde mental. Afinal, não há saúde quando não equilibramos esses dois lados.
Como manter o equilíbrio?
Um ano depois, a tendência é que as pessoas que cumprem as medidas de isolamento social estejam mais estressadas, ansiosas e cansadas.
Mas a pandemia não acabou e ainda não se sabe quanto tempo vai levar para a vacinação chegar a um maior número de pessoas.
E como lidar com essa espera? Reunimos algumas dicas aqui:
- Tentar manter uma rotina com objetivos, buscando deitar e levantar no mesmo horário. Qualidade do sono é fundamental para a saúde física e mental!
- Sair para espaços abertos, com máscara, distanciamento e higienização frequente das mãos, para caminhar ou praticar alguma atividade física.
- Controle a ansiedade: tente entender o que você pode e o que não pode controlar.
- Tente manter contato com as pessoas mesmo à distância. Estimule a gratidão e o envolvimento com a sociedade, verificando como pode ajudar uma família necessitada, por exemplo.
- Evite o consumo de álcool em excesso e/ou o uso de drogas psicoativas.
- Estabeleça rotinas diárias, equilibradas entre demandas de trabalho, estudo e lazer.
- Organize uma rotina para a prática de atividade física.
- Reduza a exposição excessiva a notícias, ou mesmo conteúdos em redes sociais que causam ansiedade ou sofrimento.
- Introduza em sua rotina práticas de relaxamento ou meditação.
- Evite a automedicação ou o uso exagerado de ansiolíticos.
- Se você tem um diagnóstico de qualquer transtorno mental, mantenha a regularidade das consultas com o profissional com quem você se trata. Se você faz terapia, mantenha contato com seu terapeuta, mesmo que seja por teleatendimento.
- Aprender algo novo. Lá no início da pandemia você se animou com cursos on-line, mas com o tempo abandonou? Que tal dar uma segunda chance? Crie desafios com os amigos e entre em grupos com interesses em comum para se estimular.
Fonte USP, UFMG, Unimed