O Governo Federal lançou na quarta-feira (27) o Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), uma plataforma web que permitirá calcular a sustentabilidade ambiental dos materiais de construção civil no Brasil. O Sidac fornecerá informações sobre consumo de energia e emissão de dióxido de carbono (CO2) dos principais materiais utilizados no país, como tijolos, concreto, aço e madeira, com o objetivo de embasar políticas públicas de incentivo à construção sustentável e de baixo carbono.
O anúncio da nova plataforma foi feito durante o webinar “Promovendo edificações de baixo carbono”, conduzido pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A partir de agora, os fabricantes de materiais de construção poderão cadastrar os produtos no Sidac, por meio de uma interface web (sidac.org.br), e calcular os indicadores de desempenho ambiental.
A avaliação ocorrerá por meio de uma abordagem simplificada da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), um método reconhecido internacionalmente, que permite conhecer o gasto de energia e a emissão de CO2 desde a extração dos recursos na natureza até a transformação dos materiais na fábrica.
O Sidac é fruto do programa Strategic Partnerships for the Implementation of the Paris Agreement (SPIPA), coordenado pelo MME, financiado pelo Instrumento de Parceria da União Europeia, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Defesa do Consumidor (BMUV, em alemão), e implementado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
Além do MME, o sistema contou com a participação e a colaboração de diversos outros órgãos na sua formatação. Os debates envolveram o Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Eletrobras-Procel, associações de fabricantes de materiais, projetistas e construtoras, além de entidades ligadas à pesquisa e inovação.
A partir de agora, os fabricantes de produtos de construção podem cadastrar os dados e informações sobre o ciclo de vida dos materiais. As informações serão submetidas à revisão de especialistas e só depois publicadas. A plataforma também receberá rapidamente as atualizações, caso um fabricante tenha alguma melhoria no produto ou no processo. Os dados depois ficam disponíveis para consulta pública, na própria plataforma Sidac.
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Paulo César Magalhães Domingues, afirma que a plataforma é fundamental para que a indústria da construção civil possa aprimorar procedimentos. “Para enfrentar as mudanças climáticas, um dos pontos fundamentais para o setor da construção civil é reduzir a intensidade energética associada aos processos de fabricação, reduzindo a energia e o dióxido de carbono embutidos nesse processo. A ferramenta Sidac vai proporcionar o acesso a essas informações e o aprimoramento dos processos, contribuindo para uma economia de baixo carbono”, afirmou.
A gestora de programas da Delegação de União Europeia no Brasil, Stepahnie Horel, destaca ainda a importância do sistema para promover a inovação na indústria brasileira. “A gente precisa de mais dados para conhecer quais são as tecnologias, as maneiras de fazer que são inovadoras, para facilitar esse material baixo em carbono. Isso é um trabalho muito importante, porque não é bom só para o meio ambiente e o clima, mas também em termos de geração de empregos e de novos produtos, para as empresas serem mais competitivas”, defendeu.
Comitê Científico
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) coordena o desenvolvimento do sistema por meio de um comitê científico. O grupo é formado por um consórcio de universidades e institutos de pesquisas brasileiros, composto pela Universidade de São Paulo (USP), pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O professor Vanderley John, da Escola Politécnica USP, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema, ressalta que alguns países já conseguem produzir concreto com pegadas de carbono até 70% menores do que os concretos convencionais, e que depois é feita a compensação com crédito de carbono no mercado. “Isso já é um novo modelo de negócio também. Carbono e energia vão definir o nosso futuro e vão definir a competitividade das empresas. Quem quiser colaborar para um futuro melhor e quem quiser ter um futuro melhor precisa começar a se preocupar com o assunto”, avaliou.
Fonte: Brasil 61