O Brasil, em comparado com outros países da Europa, Ásia e parte da África é um país muito jovem, em todos os sentidos. Apenas 520 anos. Bom, vale ressaltar que é uma contagem de idade em que entrou para o conhecimento do mundo ocidental. Porque com certeza, os povos originários, indígenas, já estavam nesta terra há milhares de anos antes. Portanto, enquanto um lugar ocupado por seres humanos, já faz tempo que esta terra era habitada.
Mas considerando os 520 anos como marco referencial, e um tanto menos com a verdadeira ocupação desta “colônia” vamos ver que não são muitas gerações até os dias de hoje. Meus ancestrais chegaram nesta terra na segunda metade de 1800. Isto significa dizer que a recém a população como um todo está se tornando mais velha, vivendo além dos 75 anos, em média. Algo que acontece há anos na Europa, por exemplo. Portanto, estamos começando a ser um país envelhecido, mas que traz uma herança cultural ruim, nefasta. A de dispensar as pessoas com mais idade, de tudo o que ainda podem contribuir.
Povos originários e os povos asiáticos, como chineses, japoneses, coreanos, respeitam muito os idosos pela sua sabedoria e conhecimento da trajetória que tiveram. Já me peguei pensando que todas as profissões e instituições poderiam ter conselhos formados por pessoas idosas, com experiência no assunto. Um conselho de médicos aposentados pode ser uma ideia para debaterem situações complexas de saúde. O ex-ministro da
agricultura, Alysson Paolinelli, participa de um grupo que ele mesmo chama de os velhinhos. É o Fórum do Futuro, iniciativa que pensa sobre demandas de soluções para questões na agricultura.
Pensar assim, não significa dispensar a força da juventude. Mas equilibrar as forças. Muito se fala, tanto no campo quanto na cidade sobre o tema sucessão familiar no negócio. E com grande frequência o que aparece é a “destituição” do mais velho para a entrada do mais novo componente da família. Mas quem vai servir de referência em relação aos valores ou mesmo o propósito da empresa/propriedade rural? Os que já estão trabalhando nele há anos, creio.
Segundo a consultora Flávia Ramos, que entrevistei semana passada, muito se fala nos cuidados e na preparação do sucessor, mas se esquece do sucedido. Como fazer a transição, como aproveitar seus conhecimentos, como integrar as histórias e culturas para que o negócio tenha continuidade de forma fluída, harmoniosa, em vistas do bem comum. Há, no futebol, uma “fórmula” de misturar jogadores mais experientes com outros jovens. Geralmente são times vencedores quando conseguem harmonizar as duas energias. Por isto, creio que esta é uma frase na qual se deve pensar: “Se um jovem soubesse e um velho pudesse não havia o que não se fizesse”.