Dia das Mídias Sociais: efeitos psicológicos positivos e negativos de seus usos

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A rede social permite a interação com outras pessoas com muito mais facilidade. Algumas pessoas com traço de timidez, por exemplo, se sentem mais à vontade por trás de uma tela.

As redes sociais vieram para romper barreiras geográficas, nos entreter e permitir o contato com amigos e parentes de qualquer lugar do mundo. É ótimo não se sentir sozinho, mas essas plataformas estão de fato contribuindo para isso?

O Brasil é o terceiro país que mais usa redes sociais no mundo, atrás apenas da Índia e da Indonésia. Todo o tempo gasto por brasileiros nas plataformas de interação tem impactos econômicos e solidificou novas possibilidades profissionais no país. Mas o instrumento, que pode ser usado de forma saudável para ampliar a sociabilidade, também leva a prejuízos. Os danos são tanto psicológicos, se a imersão é excessiva, quanto financeiros, se não há cuidados num terreno que golpistas transformaram em um campo minado.

“O brasileiro é naturalmente comunicativo e expansivo e tem essa tendência de se mostrar, compartilhar o seu dia a dia. A gente tem toda uma sinergia com a maneira de lidar com as redes sociais. Então é uma questão cultural a ser considerada”, explica Roberto Kanter, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), que acrescenta, “e obviamente isso faz com que as principais redes sociais do mundo olhem para o Brasil de um jeito muito especial. Toda rede social que quer ser lançada coloca o Brasil em segundo lugar para validar mercado”.

Professor do Ibmec RJ, Victor Azevedo exemplifica esse tipo de interesse pelo público brasileiro. “O stories do Instagram foi testado aqui para avaliar o comportamento do público perante a nova ferramenta, numa época em que o Snapchat tomava uma fatia considerável do mercado nacional”, relembra o especialista.

O uso intensivo das redes sociais no país não chama a atenção somente dessas empresas. O movimento tem diversos impactos na economia brasileira: companhias investem na publicidade dentro dessas plataformas, principalmente por meio de influenciadores digitais; bares têm surgido ou se adaptado para serem “instagramáveis”, ou seja, com ambientes e cardápios mais atrativos para fotografias; e profissionais comercializam cada dia mais por meio dessas ferramentas de interação.

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Dia das Mídias Sociais: efeitos psicológicos positivos e negativos de seus usos

Vida real prejudicada

Como instrumentos sociais, contudo, essas redes têm diversos aspectos positivos. O ser humano é um ser biopsicossocial. Então, ele precisa da vida coletiva e do relacionamento interpessoal. A rede social, neste sentido, permite interagir com outras pessoas com muito mais facilidade. Algumas pessoas com traço de timidez, por exemplo, se sentem mais à vontade por trás de uma tela.

Idosos, aposentados e pessoas que já não têm um círculo social tão ativo por vezes se sentem mais confortáveis acessar algumas pessoas desta forma. O problema não é usar o mundo virtual, mas quando ele é usado para substituir a vida real – explica Eduardo Guedes, cofundador do Instituto Delete, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em relação entre o tempo de utilização e a dependência das redes sociais, é preciso destacar que o uso deve ser consciente, sem atrapalhar o real, todavia os brasileiros têm ido mal neste desafio. Apenas três em cada dez têm uma relação saudável com as redes, conforme a pesquisa do Instituto Delete. E dos sete restantes, três ultrapassam o nível do uso abusivo e desenvolvem dependência patológica.

A hiperexposição, em consequência, pode gerar até transtornos primários, como depressão, pânico e fobia social. “O usuário abusivo fica numa mesa de bar olhando o celular, dirige olhando o celular. O dependente patológico sente excitação e segurança na rede, acompanhando quantas curtidas têm; substitui programas na vida real pela virtual; acorda e se conecta; não consegue tolerar ficar sem conexão e sente irritação, mau humor e ansiedade; tem conflitos na vida real diretos ou indiretos; e vê seu rendimento cair na escola e no trabalho”, diz Guedes.

Veja abaixo quais são os pontos positivos e negativos do uso das redes sociais.

Dia das Mídias Sociais: efeitos psicológicos positivos e negativos de seus usos

Os pontos positivos são:

  • Ajudam a manter os relacionamentos, mesmo à distância: No dia a dia, que é muito corrido, uma simples mensagem alivia a angústia da separação. Uma conversa por vídeo, por exemplo, é uma boa opção para aqueles casais que moram longe um do outro. O contato visual, mesmo que pela tela de um dispositivo móvel, já é suficiente para diminuir a saudade.
  • Suscitam o sentimento de “fazer parte” de um contexto ou relação: Por meio de comentários, curtidas e compartilhamentos o indivíduo encontra uma forma de se fazer presente, interagindo com seus amigos e seguidores. Existem diversos grupos que são formados a partir de gostos e interesses parecidos e isso colabora na construção da identidade.
  • Facilitam a expressão do que se sente e pensa: O compartilhamento de textos, fotos, vídeos e imagens é uma forma saudável de se expressar. Essa é uma oportunidade de compartilhar experiências e opiniões.
  • Dão a oportunidade de pensar antes de reagir: Na comunicação verbal a reação é instantânea, enquanto que na comunicação virtual escrita temos mais tempo para pensar antes de agir. Essa possibilidade diminui as chances de cometer certos constrangimentos.
  • Estimulam a criatividade: Muitas pessoas usam o seu perfil na rede para se expressar e essa abertura, proposta pelas redes sociais, dá ao jovem a oportunidade de mostrar o seu talento. A agilidade da internet, das interações, com respostas instantâneas geram no indivíduo o estímulo de criar novos conteúdos, com objetivo de agradar os amigos e conquistar mais seguidores, o que consequentemente agrada a si mesmo.
LEIA TAMBÉM  Pesquisa mostra que 95% das crianças e adolescentes acessam internet

Dia das Mídias Sociais: efeitos psicológicos positivos e negativos de seus usosOs pontos negativos são:

  • Sensação de solidão: A redes sociais acabam oferecendo um relacionamento superficial onde, muitas vezes, não há um aprofundamento das relações. A pessoa busca intimidade, porém há uma capa de superficialidade que não permite uma interação mais profunda, ou seja, a relação para num certo ponto. A verdadeira dor e a angústia acabam não sendo compartilhadas.
  • Perda de tempo sem perceber: O usuário usa o tempo livre que tem para bater papo no Facebook e Twitter, ou então ver fotos no Instragram. No entanto, o que ele não percebe são os segundos preciosos que gastou. São minutos e horas que poderiam ser utilizados em outras atividades, mais produtivas e instigantes que acabam sendo empregadas às curtidas e compartilhamentos desnecessários.
  • Aumento da fofoca: Gasta-se tempo e energia verificando o que o outro está fazendo, comprando, comendo ou assistindo, uma espécie de Big Brother virtual. Ao invés de cuidar de sua própria vida, de si, o foco fica no outro.
  • Estimulo à inveja: Muitos conteúdos compartilhados são sobre bons momentos, festas, viagens a lugares lindos ou um jantar num bom restaurante, entretanto nem sempre quem vê estes posts está desfrutando dessas maravilhas. É aí que surge a inveja por não estar na mesma condição que o outro. Esse sentimento não é ruim, o problema se dá em como a pessoa encara a situação.
  • Criam barreiras para a socialização física: A pessoa tímida recorrerá às redes sociais para se expor, porém, dependendo do grau de timidez, o indivíduo pode usá-las como o único canal para interagir com as pessoas, fugindo da exposição face a face. Este distanciamento não é saudável.

Dia das Mídias Sociais: efeitos psicológicos positivos e negativos de seus usos

Influência é profissão, mas requer análise

A força das redes sociais no mundo permitiu encarar a influência digital em pouco tempo como uma profissão. O Brasil também se destaca no assunto: é campeão mundial em número de influenciadores digitais, na categoria Instagram. E esses nomes acabam se tornando pontes para empresas e marcas.

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Conforme Ediana Avelar, coordenadora de Publicidade da Veiga de Almeida, “as grandes empresas sempre investiram em garotos-propaganda e embaixadores para representar as suas marcas. Logo, à medida que os influenciadores se tornaram amplamente relevantes aos públicos, é natural incluí-los nas estratégias de marketing e comunicação”, tendo em vista a necessidade de se investir numa comunicação diferenciada para atrair o público das mídias sociais, destaca ela.

O professor Agostinho Varandas, da Mackenzie, recomenda que os consumidores sempre analisem as dicas que são dadas na internet. “É preciso ter um olhar crítico e atento, pois essas opiniões podem ser tendenciosas aos patrocinadores deles. Não necessariamente os influenciadores vão dar as melhores dicas”, afirma Varandas.

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