Foi pênalti seu juiz!

em Nelson Moreira
28 de novembro de 2020

Volta e meia é possível ver uma discussão pelo Facebook em que as pessoas acusam a imprensa de distorcer os fatos em prol de algo ou alguém. Geralmente reclamam porque a sua linha política está sendo, segundo eles, atacada pela reportagem e a chamam de lixo. Mas a memória é muito curta e esquecem que quando tinha outro governo no poder e este também recebia severas críticas da imprensa, aí, neste caso, a imprensa era honesta. Claro que para quem estava sendo atacado, a visão era diferente e a percepção do posicionamento da imprensa era considerada ruim por estes últimos.

É a mesma situação de quando acontece um pênalti. Para o penalizado o juiz está totalmente equivocado. Já o outro esfrega as mãos muito contente porque ali tem uma chance clara de marcar um gol. E para ele, foi uma justa decisão do juiz. A passionalidade toma conta da alma e não há o que faça enxergar diferente. Todos dizem que isto acontece com política, futebol e religião. Mas em geral, opiniões sobre produtos, gostos, lugares para comer entre outros temas, geram, as vezes, grandes debates.

De uns anos para cá, tem sido assim quando o tema é produção agrícola x meio ambiente. Cada um dos lados defendendo ferrenhamente o seu posicionamento e tendo fortes justificativas para mantê-lo. Mas as vezes é possível perceber no discurso, uma emocionalidade que perde o sentido porque não estão defendendo suas posições com fatos e estudos consagrados cientificamente, e sim, com o acho ou com a “raiva que sinto do outro porque está falando mal de mim, do que eu faço”.

O fato mais recente que leva a este levante é um vídeo dirigido ao público infantil, que está circulando na internet, onde a organização ambiental Greenpeace Brasil, atribui aos produtores rurais a culpa por destruição de florestas e outros ambientes, para produzir grãos que vão alimentar animais como frango, suínos e gado. Tudo isto simplesmente por ganância. E exorta às crianças a abandonaram o consumo de carne e procurarem somente se alimentar de legumes, frutas e verduras, ou seja, uma alimentação vegetariana. Não é preciso dizer que a reação por parte das entidades ligadas à produção agrícola foi veemente e, através das redes sociais, estimularam os produtores a reagirem contra esta campanha, acessando o link onde está postado o vídeo, até que ele caísse.

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Existem dois pontos a serem abortados aqui nesta questão, pelo que vejo. 1 – Está errado o posicionamento do Greenpeace ao tentar induzir as crianças a abandonarem o consumo de carne e dizer que o melhor é o vegetarianismo. Eles estão induzindo as pessoas a pensarem conforme as suas crenças alimentares e não deixando a escolha de cada um. A mensagem correta aqui, na minha visão é: queres comer carne, ok, mas procure fornecedores que não provocam danos ao meio ambiente. 2 – Colocar todos os produtores dentro do mesmo saco. Como se todos fossem malvados e gananciosos, criando para as crianças e as pessoas da cidade uma imagem terrível em relação ao produtor rural. Além do mais, isto demonstra um grande desconhecimento de quem trabalha no campo. E, para este problema, o remédio é ir ao campo, conhecer as pessoas que vivem e trabalham lá para ver como é a realidade. Fazer da forma como foi feita revela um grande preconceito.

Por parte dos produtores, também é preciso perceber que a função de organizações ambientais é importante para lembrar a todos, que este planeta tem um único tamanho e as fontes de recursos para nos manter nele, podem ser esgotáveis, dependendo de como as utilizamos. A consciência ambiental dos produtores é, em grande parte, muito aguçada, porque percebem que se provocam devastação, acabam sofrendo diretamente as consequências, no seu bolso, via quebra na produção.

Então, esta é uma situação que não dá para ficar feliz quando existe o pênalti ou a imprensa critica um ou outro, porque todos estamos no mesmo planeta. Não é uma questão de ponto de vista, de qual o melhor caminho para se chegar lá, mas sim, que todos precisam chegar lá, na existência deste planeta em condições de dar suporte a vida de todos por milênios a frente. Porque se há dúvidas sobre o pênalti, ainda bem que hoje, existe o VAR, né, seu juiz!

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Foi pênalti seu juiz!

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