Materiais criados para resolver um problema estão causando outro
Em muitos países, o avanço da Covid-19 exige medidas sanitárias drásticas. Máscaras e luvas, por exemplo, já são obrigatórias em várias cidades. Sendo assim, aumenta também a quantidade de itens descartados. E, certamente, parte do que é descartado acaba indo parar no mar.
Após diversas avaliações, feitas por especialistas em saúde, foi constatado que as máscaras, de fato, são efetivas. O uso pode mesmo ajudar no combate à propagação da doença. No caso de pessoas que já estão contaminadas, por exemplo, são ainda mais úteis.
As luvas, por outro lado, são mais indicadas para profissionais da saúde e pessoas que mexem com itens que serão distribuídos. Claro que, se todos usarem os dois materiais, a coisa fica ainda mais segura. Mas isso, como já dito, aumenta também a quantidade de materiais produzidos e o lixo, muitas vezes, acaba no mar.
Máscaras e luvas descartadas indevidamente poluem oceanos
O grupo de conservação OceanAsia tem denunciado esse problema na Ásia. Rios e mares estão recebendo grande quantidade de máscaras cirúrgicas e luvas de borracha descartadas. São usadas para evitar um problema e, acabam causando outro. Gary Stokes, fundador da organização, recolheu cerca de 70 máscaras ao longo de 100 metros de praia nas Ilhas Soko, na costa de Hong Kong. A distância equivale a um quarteirão. O fenômeno ocorreu em fevereiro, quando a pandemia estava ainda no início.
O número acima é ainda pequeno comparado com a possível realidade. Um estudo realizado pela University College London, no Reino Unido, mostrou que, se o país inteiro usasse uma nova máscara descartável por dia, teríamos, ao final de um ano, cerca de 66 mil toneladas de resíduos plásticos descartados, além de 57 mil toneladas de embalagens.
Outro grupo, o americano Clean This Beach Up, de Miami, criou um desafio para tentar reverter isso. Em suma, a ideia foi batizada de #TheGloveChallenge (desafio da luva). O objetivo é, portanto, incentivar as pessoas a postarem fotos descartando corretamente as luvas usadas.
O desafio se tornou mundial e, em pouco tempo, a iniciativa recebeu mais de 2 mil fotos vindas de várias partes do planeta. Enfim, a coisa é muito séria e vai além da falta de educação em si. Plástico e borracha são materiais que demoram para se decompor e causam danos ambientais sérios.
Considerando esse cenário preocupante, precisamos mais uma vez falar a respeito da nossa responsabilidade ao descartar esses materiais. As consequências pela atual falta de cuidado podem futuramente comprometer a nossa saúde e a qualidade de vida. As melhores formas de minimizar esses impactos ambientais, para aqueles que não trabalham em serviços de saúde são a preferência pelas máscaras de tecido, que podem ser reaproveitadas, e optar pela higienização das mãos ao uso de luvas, pois são mais adequadas àqueles que necessitam lidar diretamente com os acometidos pela COVID-19.
Em todos os casos, exceto as máscaras laváveis, esses produtos devem ser descartados, após o uso, na coleta de lixo não-classificado.