O Agro e o Meio Ambiente: o Exemplo Vale mais do que o Discurso

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Por trás dos negócios o que temos são pessoas. E será que realmente nos importamos com quem está à nossa frente ou estamos enlouquecidos no piloto automático, olhando para o próprio umbigo, aguardando bater a próxima meta no Agro? Precisamos ter em mente que se importar com o outro está dentro das diretrizes de um dos temas mais falados no mundo corporativo no último ano, que é o ESG, que trata das questões ambientais, sociais e de governança que devem ser praticadas pelas empresas.

São as três letras mais faladas atualmente e que temos o dever de levar essa consciência para dentro da porteira. Grandes fazendas já se comportam como grandes empresas, mas isso ainda não ocorre com algumas médias e com quase a totalidade das pequenas propriedades, que ainda carregam no DNA uma gestão tipicamente familiar e, provavelmente, sequer ouviram falar sobre ESG. Ou, se ouviram, talvez tenham resistência, por acreditarem, erroneamente, que adotar medidas sustentáveis pode negativar os seus resultados, quando, na verdade, empresas que adotam melhores práticas ambientais, sociais e de governança acabam tendo diversos impactos positivos, como maior lucratividade e até uma melhora em seu valor de mercado ao longo do tempo.

Hoje em dia, eu faço um trabalho de capacitação no Agro, converso diariamente com produtores rurais, a maior parte deles pecuaristas, e nas nossas conversas eu sempre digo o seguinte: olha, o mercado não exige que você seja grande, mas que você seja profissional. Apenas profissional. E essa sigla ESG significa também se importar com as exigências do mercado e, acima de tudo, se importar com a própria evolução e excelência.

Importar-se também significa olhar para o outro e ouvir, mas sem julgamentos. As pessoas hoje não se alimentam mais só de comida, mas se alimentam, principalmente, de conceitos. Temos o consumidor fitness, vegetariano, vegano, o que ama churrasco e, se pararmos para pensar, é tudo Agro. Apenas precisamos respeitar as opções de cada um. Pesquisas mostram que, cada vez mais, os consumidores consideram, nas suas escolhas, a postura das empresas frente às questões sociais e ambientais. Além disso, a pressão por adoção de práticas mais sustentáveis, e com maior impacto social, vem de todos os lados: credores, investidores, órgãos reguladores e organizações da sociedade civil. E nós, do Agro, precisamos ouvir e dar importância ao que essas pessoas têm a dizer, porque muitas delas são os nossos clientes.

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Importar-se significa respeitar e se posicionar de uma forma em que não criemos inimigos para o Agro, mas que possamos trazer pessoas com ideias diferentes, ou até mesmo ideias equivocadas sobre o setor, para um diálogo sóbrio e, acredite, enriquecedor. Devemos ter amor pelo Agro, que é bem diferente de paixão. A paixão cega. A paixão não nos deixa enxergar um palmo à frente do nariz. O que vemos por aí sobre o Agro são discursos apaixonados, discursos do nós contra eles. E não é sábio ter esse tipo de comportamento.

Não importa se o vizinho está fazendo menos, o que importa é o que nós precisamos fazer para sermos cada vez melhores. A verdade é uma só: as exigências internacionais em termos ambientais, sociais e de governança estão aí. Ou seguimos ou estaremos fora do mercado. Diante deste cenário de exigências comerciais, e alertas climáticos e ambientais, o Agro brasileiro tem tudo para dar certo, para dar show, e nadar de braçada com exemplos extraordinários já citados em artigos anteriores e que todos nós sabemos bem quais são.

Existe uma regra básica para quem quer ter bons resultados financeiros em qualquer negócio e isso inclui o Agro. Aproxime-se do seu público, ouça o seu cliente, diga quem você é de verdade falando menos e mostrando mais o que você faz de bom no campo: a palavra nem sempre convence, mas o exemplo arrasta multidões.

Texto Lilian Dias –  comunicadora Agro, possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas e práticas de liderança, e autora do e-book “Os Pilares do Agronegócio”. Site: www.liliandias.com.br. Instagram: @jornalistalilian – E-mail: contato@liliandias.com.br

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