O campo em ação social

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Em 1988 o empresário gaúcho Geraldo Linck abriu um projeto social chamado Pescar e logo em seguida criou a Fundação Projeto Pescar. A ideia era, e ainda é, propiciar um futuro digno para jovens na idade entre 15 a 18 anos, nascidos em famílias de baixa renda através da educação técnica profissional. Mas para ele não bastava somente dar cursos e prepará-los para o mercado. Era preciso encontrar formas de colocá-los no mercado de trabalho. Para isto, criou o projeto Jovem Aprendiz, onde estes alunos fariam estágios práticos em empresas. Mais de 40 mil jovens já se beneficiaram do programa desenvolvido em parceria com empresas e organizações e norteado por princípios comunitários. Mas o espírito do projeto está baseado nesta frase: “Se quiseres matar a fome de alguém, dá-lhe um peixe. Mas se quiseres que ele nunca mais passe fome, ensina-o a pescar.”

Influenciado pelo trabalho social que o pai, médico e produtor rural no município de Mostardas, no RS, fazia, Edgardo Velho, criou em 2006 um projeto para auxiliar jovens em risco social, saídos do ensino fundamental. Chamado de Projeto Pescar Fazenda Ranchinho promovia a formação deles em atividades essenciais para uma propriedade rural, como armazenagem, oficina de máquinas agrícolas, produção de arroz, pecuária, entre outras. Logo após formados passavam por processo de seleção nas propriedades rurais da região. O projeto durou cerca de 15 anos e formou em torno de 200 jovens.

Também no Rio Grande do Sul outro exemplo de projeto social no campo é do agora produtor rural Raphael Houayek que da noite para o dia teve que deixar seu cargo no Ministério Público gaúcho e assumir a propriedade rural da família. Por conta desta necessidade partiu para fazer vários cursos e descobriu que poderia implantar na fazenda uma unidade de ensino para o agronegócio. O método deu tão certo que vários jovens foram procurá-lo para fazer os cursos e buscarem melhores colocações nas profissões do campo. Raphael diz que encontrou um novo propósito para a fazenda Esperança e pretende criar ali um polo de promoção pessoal para jovens do campo.

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Existem no Brasil cerca de 1.957 sindicatos rurais patronais. Por experiência creio que a grande maioria possui uma área onde podem fazer exposições, feiras, leilões e outros eventos ligados à atividade rural. Mas em geral, são muito pouco usadas, ficando a maior parte do ano, sem qualquer atividade. E, por outro lado, já ouvi vários produtores reclamando da dificuldade de encontrarem mão de obra para diversas funções na propriedade.

Pensando nisto, há muito que acredito que estas áreas de propriedade dos Sindicatos, poderiam ser usadas para esta função social de promover cursos de formação de obra para o campo, buscando dar oportunidades aos jovens de baixa renda, que estão terminando a escola e, em princípio, não tem uma boa perspectiva de trabalho nas cidades. Sei que o Senar tem projetos como o Agrinho, mas quanto mais ações forem feitas neste sentido, melhor pode ser o futuro destes jovens. E creio que já passou da hora dos Sindicatos participarem de ações como estas. Exemplos bem sucedidos existem, é uma questão de querer fazer e colocar em prática.

O campo em ação social

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