
Em setembro temos mais uma data, e cor, importantes: o setembro verde (mês de conscientização acerca da doação de órgãos) e o dia nacional da doação de órgãos (27/09). Eu já falei sobre doação de órgãos antes para vocês aqui na minha coluna, mas hoje gostaria de trazer os dados do impacto da pandemia na doação de órgãos e no número de transplantes realizados…
Como eu já comentei com vocês anteriormente, o número de transplantes realizados no Brasil não é o suficiente para diminuir consideravelmente a lista de espera por um órgão, tampouco para zerá-la. E falamos disso em condições “normais”! Você consegue imaginar como ficou essa situação com a pandemia do coronavírus?
Os hospitais no Brasil precisaram criar alas especiais para o atendimento dos pacientes com COVID-19, diminuir os atendimentos eletivos e adaptar protocolos para o processo de doação de órgãos, como a inserção do RT-PCR nos exames necessários. Esse somatório de situações colaborou com a queda da taxa de doação e de transplantes no país. No entanto, essa queda foi menor que em outros países, como Espanha e Estados Unidos, por exemplo.
Segundo os dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, a ABTO, esse semestre de 2020 teve uma queda de 6,5% comparado ao primeiro semestre do ano anterior, 2019. No entanto, quando compararam o primeiro trimestre com o segundo trimestre, a queda foi de 26,1%. Este último dado pode estar relacionado com o pico da doença aqui no país, que se acentuou em maio e junho nas regiões Norte, Nordeste e parte do Sudeste.
“Desde o primeiro óbito por Covid-19, no Brasil, no dia 17 de março, até o dia 30 de junho de 2020, observamos uma redução de 33% da doação de órgãos, 49% no número de transplantes de todos os órgãos e 45% em inscrições em lista”, pontuou Gustavo Fernandes Ferreira, Vice-Presidente da ABTO. A ABTO publicou um gráfico com o impacto da pandemia em cada órgão, sendo o pulmão o mais impactado (85%).
Esses números são importantes e preocupantes, no entanto precisamos pensar acerca da doação de órgãos todos os dias, com pandemia ou sem pandemia. 80% dos potenciais doadores não viram doadores efetivos por causa da recusa familiar, ou seja, 80% das famílias brasileiras dizem “não” para a doação de órgãos. Quando dizemos “não” para a doação de órgãos, dizemos “não” para cerca de 8 pessoas que precisam e aguardam por um órgão.
Para ser um doador de órgãos, basta apenas avisar sua família. Eu sou doadora de órgãos e minha família sabe disso. E você? É doador de órgãos?
Vejo vocês semana que vem!!!
Fonte: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, 2020.