O Talibã é um grupo que atua no Afeganistão e no Paquistão desde os anos 1990. Conhecido pelas suas regras rígidas, o grupo responsável por inúmeros ataques tem retomado seu crescimento nos últimos anos. Quer saber como age o Talibã no terrorismo?
COMO SURGIU O TALIBÃ?
Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão nos anos 1990, o país foi tomado por uma série de conflitos entre facções que brigavam pelo controle da nação. Neste contexto de guerra civil, surge em 1994 o Talibã, sob a liderança do Mullah Mohammed Omar.
O grupo, criado no sul do Afeganistão, tem origem nas tribos que ocupavam a fronteira do país com o Paquistão. É formado principalmente pelos pashtun, um povo que lutou contra o imperialismo britânico, a invasão soviética e hoje se dedica a combater a intervenção do ocidente na região.
Em 1997, pouco tempo após o seu surgimento, o Talibã conquista o controle do Afeganistão, sendo muito bem recebido por significativa parte da população. Isto porque, após um longo período de guerras, o grupo estabeleceu a paz no território, combateu a corrupção e tornou as estradas mais seguras para o desenvolvimento do comércio. Apesar desse apoio interno, o Talibã só teve o seu governo reconhecido por três países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão.
Após os ataques em 11 de setembro de 2001, o Afeganistão foi invadido pelas tropas estadunidenses. As alegações de que o Talibã protegia Osama Bin Laden – responsável pelo ataque – motivaram uma coalizão liderada pelos Estados Unidos a destituir o Talibã do poder. Mas isso não impediu o grupo de continuar exercendo influência, na época controlando quase 90% do Afeganistão. Os Talibãs continuaram sua luta, agora na clandestinidade.
OBJETIVOS E AÇÕES DO GRUPO
Quando surgiu, o Talibã tinha como objetivo restaurar a paz e a segurança em um Afeganistão marcado pela guerra civil. Mas não era só isso! O grupo também pretendia impor sua versão da Sharia, a lei islâmica. Com o tempo, suas motivações os levaram a cometer ações bastante rígidas e questionáveis, como execuções públicas, proibição de toda a influência ocidental, proibição do cinema, da música e da televisão, obrigatoriedade do uso da burca pelas mulheres e proibição de escolas para as meninas. Hoje em dia, as ações do Talibã são pautadas na recuperação do território e em expulsar os Estados Unidos e a OTAN do país, desde a ocupação em 2001.
O TALIBÃ HOJE
Hoje o Talibã atua no Afeganistão e no Paquistão e tem como objetivo implementar a Sharia e recuperar o controle dos territórios, com ofensivas contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e os governos do Paquistão e Afeganistão. Para isso, a organização utiliza táticas de guerrilha e ataques de homens-bomba. No Paquistão, a mesma é nomeada de Tehrik-i-Taliban Pakistan.
O atual líder do grupo é o Mullah Haibatullah Akhunzada, que assumiu a liderança com a difícil missão de unificar as diversas facções do grupo. As táticas utilizadas para combater a organização terrorista são diferentes nos dois países: no Paquistão, o governo tenta dialogar com o grupo, sem sucesso, enquanto no Afeganistão, o governo recebia treinamento de contraterrorismo das forças dos Estados Unidos e da Otan.
A estratégia dos Estados Unidos era de fortalecer o governo e o exército afegãos para que o próprio país tivesse capacidade de frear os avanços do Talibã. O governo dos EUA, após duas décadas de ocupação, decidiu retirar as tropas do país,, cujo acordo com o Talibã foi assinado ainda sob a gestão Donald Trump, mas só foi implementado a partir do primeiro semestre do governo Biden em 2021. Infelizmente, as negociações foram malsucedidas, e o grupo voltou novamente ao caminho de dominação do país.
Ao passo que a presença militar norte-americana foi sendo removida do Afeganistão, o Talibã, aos poucos, começou a retomar o controle sobre os territórios do país da Ásia Meridional. Em agosto de 2021, com quase 3/4 do território afegão já ocupado pela organização, a mesma tomou o controle da capital, Cabul, e ocupou a sede do governo nacional, causando a fuga do até então presidente Ashraf Ghan para o vizinho Tajiquistão. Enquanto os extremistas assumiam o comando, diplomatas e cidadãos de diferentes nações começaram a abandonar o país, bem como a sua própria população: mais de 250 mil afegãos fugiram de suas localidades desde maio, e multidões aflitas tentaram fugir do país diante da ascensão do Talibã ao poder.
Fonte Politize