Cada vez mais o agronegócio brasileiro investe em técnicas de adubação específicas para conservar o solo e melhorar a produtividade. No cerrado do Oeste da Bahia, responsável por 92% da produção de grãos do estado, o tratamento do solo é extremamente necessário por conta da acidez e ausência de fertilidade. Empresas da região vêm registrando recordes de crescimento da produção em torno de 3% a cada safra por conta do investimento em pesquisas, tratamentos, profissionalização dos produtores e tecnologias capazes de garantir a eficiência, inovação do processo produtivo e conservação do solo e da água.
O Agronegócio Estrondo, localizado em Formosa do Rio Preto (BA), por exemplo, já investiu cerca de R$ 855 milhões no tratamento do solo e vem conquistando recordes de produção. “A cada safra aumentamos a produção em 3% e já identificamos que um dos motivos é o trabalho de recuperação e conservação que estamos fazendo por mais de 10 anos”, afirma Daniel Ferraz, gerente geral do empreendimento. Ele explica que o segredo é nunca deixar o sol bater diretamente no solo. “As técnicas sempre priorizam uma espécie de cobertura de proteção. Quando optamos pelo abrigo das folhas, é ainda mais interessante porque elas capturam a luz solar e a transformam em energia para o cultivo, emitindo nutrientes e outros benefícios para a plantação”, completa.
Para preservar o solo, os produtores precisam adequar o sistema de cultivo para manter a maior quantidade possível de cobertura vegetal. Um dos métodos mais utilizados é o sistema de plantio direto (SPD), cuja plantação recebe uma cobertura de palha, deixando o terreno protegido da erosão e melhorando a retenção de umidade. Segundo Ken Olson, cientista de solos da Universidade de Illinois, “as lavouras que têm tratamentos de cobertura vegetal têm mais estoques de carbono orgânico no solo do que aquelas sem cobertura vegetal para a mesma zona de raiz do solo e tratamento de preparo”.
A expansão desse sistema de plantio contribui para agregar matéria orgânica ao solo em profundidade, a partir de microrganismos responsáveis por fixar as emissões de dióxido de carbono – oriundas do maquinário, por exemplo – na terra.
De acordo com Ferraz, o sistema de plantio direto vem sendo amplamente aplicado nas fazendas do Agronegócio Estrondo também como forma de sequestrar o carbono orgânico do solo. “Projetamos demandar o sequestro de 675 mil toneladas do gás carbônico, chegando em 2030 com as emissões de já carbono neutralizadas, atendendo à meta 2.4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirma ele.
Por conta dos benefícios técnicos, econômicos, ambientais e sociais que proporciona, o SPD foi incluído entre as tecnologias que compõem os compromissos voluntários de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) assumidos pelo Brasil, que resultaram na criação do Plano Setorial para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, o que se convencionou chamar de Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono).