Países onde os brasileiros podem viajar na pandemia

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Preços baixos e datas flexíveis começam a aquecer a volta do turismo internacional. Há até programas para fazer home office em cenário de filme

Um dos setores mais afetados pelo colapso universal trazido pela pandemia, e que chegou a encolher 95%, o turismo internacional começa, enfim, a dar sinais de recuperação em toda parte, inclusive no Brasil. Ainda sem poder contar com União Europeia, Estados Unidos e Argentina, destinos preferenciais dos brasileiros que, por ora, só permitem a entrada de viajantes com cidadania ou visto de residência permanente, as agências, companhias aéreas e associações do setor daqui são unânimes em apontar um renovado e muito bem-vindo interesse, desde o início de agosto, na compra de pacotes e passagens para o exterior, a maioria com data para o ano que vem. A demanda é impulsionada principalmente pelos descontos, que passam dos 30%  e pela possibilidade de remarcação sem pagamento de taxas, indispensável nesses tempos ainda incertos quanto ao controle do contágio pelo novo coronavírus. “As pessoas estão com um desejo represado de viajar e, por isso, fazem planos, mesmo sem ter certeza de que conseguirão concretizá-los nas datas previstas”, diz Alexandre Moshe, diretor-geral da Decolar, que possui o maior portal de venda de passagens do país.

Em uma pesquisa conduzida pela Decolar, metade dos participantes afirmou que planeja fazer turismo fora até julho de 2021. No mesmo site, o movimento de reservas para datas concorridas, como Natal e Ano Novo, está acima da média na comparação com anos anteriores. Um total de 43 países permite atualmente a entrada de brasileiros, entre eles destinos deslumbrantes como Turquia, Marrocos e as Bahamas, no Caribe, a maior parte sem impor grandes exigências. Na fechada União Europeia, apenas a Croácia aceita brasileiros, desde que comprovem reserva de hotel. Fora do espaço comum europeu, o Reino Unido está aberto ao turista daqui, mas ele terá de se isolar em quarentena de catorze dias ao desembarcar (paga de seu bolso). Tanto de um como de outro destino, o brasileiro pode pular para os demais países da UE, mas, insiste-se, a quarentena de duas semanas (por sua conta) será obrigatória.

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Para quem não quer esperar e decide viajar agora, um dos lugares mais procurados tem sido o México, que, desde que abriu as fronteiras, em julho, recebe turistas sem grandes preocupações: basta preencher um formulário na chegada. Além disso, há voos diários e sem escalas partindo do Brasil e pacotes com preços até 40% mais baixos do que em 2019.

De fato, as promoções oferecidas pelas operadoras e companhias aéreas atingem níveis nunca vistos. Maior empresa de aviação do país, a Latam, que já reativou alguns voos para a Europa, oferece descontos em viagens nacionais e internacionais, inclusive nos feriados, com flexibilidade de remarcação sem custos estendida até maio de 2021. Recentemente, uma oferta­relâmpago anunciava passagens ida e volta pelo equivalente a menos de 500 dólares para Miami e menos de 600 dólares para Londres. A Gol, que pretende retomar as rotas internacionais ainda neste ano, permite a remarcação de bilhetes sem taxas em até 330 dias a partir da data de cobrança da passagem. A Azul disponibiliza o Bilhete Viagem: o cliente pode adquirir hotel, passagens e transfer sem data definida, até abril de 2021. Maior operadora de turismo do país, a CVC reabriu 1 200 de suas 1 400 lojas e oferece pacotes até 30% mais em conta. Seu presidente, Leonel Andrade, no entanto, alerta o consumidor sobre o cuidado que ele deve ter com preços excessivamente baixos. “Empresas em situação complicada estão realizando promoções para fazer caixa.  O cliente tem de exigir a emissão do bilhete aéreo no momento em que compra o pacote”, adverte.

Um fenômeno nascido e criado na pandemia foi a proliferação de programas de visto de permanência para pessoas em esquema de home office — 8 milhões só no Brasil. Pioneira nesse mercado, a ilha de Barbados lançou em meados de julho o programa Welcome Stamp, que promete um carimbo especial de residência temporária no passaporte dos trabalhadores remotos. A taxa de inscrição custa 2 000 dólares para solteiros e 3 000 dólares para uma família inteira. Até agora foram emitidos mais de 1 000 vistos, oito deles para brasileiros. “É triste que esse tipo de turismo tenha nascido por causa da pandemia, mas trata-se do programa mais eficaz adotado pelo país nos últimos cinquenta anos”, anima-se Charles Lewis, presidente da Caribbean Investment Services, que oferece assistência a visitantes de Barbados. Na Europa, só a Geórgia, que não faz parte da União Europeia, dispõe de um programa especial de vistos, o Remotely from Georgia, que aceita passaporte brasileiro. O visitante pode permanecer seis meses, desde que comprove ter meios de se sustentar.

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Num movimento similar, a procura por destinos nacionais também vem crescendo. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) calcula que o mercado já tenha alcançado 30% do patamar de 2019, um avanço acima do esperado para o momento. Até dezembro, a previsão é que a quantidade de passageiros em voos domésticos alcance 80% do registrado no ano passado. Nessa retomada, destaca-se a demanda por casas de campo e de praia que estejam a no máximo 300 quilômetros das capitais. Outra tendência é a combinação de vários destinos numa mesma viagem, como se faz em pacotes para a Europa. “Essa mudança nas viagens dentro do Brasil trará grande benefício para a economia”, prevê Magda Nassar, presidente da Abav. Mesmo correndo o risco ter de adaptar os planos ao andar da pandemia, marcar uma viagem é um progresso, e um profundo alívio, para quem não aguenta mais as restrições impostas a todos neste duríssimo 2020.

Fonte Veja

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