A Rússia anunciou nesta quinta-feira (21) restrições temporárias às exportações de gasolina e diesel a fim de estabilizar o mercado interno. O governo não especificou como as restrições funcionariam. O Ministério da Energia russo disse separadamente que elas impediriam as exportações não autorizadas de combustíveis para motores.
A decisão deverá impactar o mercado brasileiro e pressionar a Petrobras por reajustes nas refinarias, disseram especialistas à Reuters. No caso de o produto da Rússia ficar escasso também no Brasil, a necessidade de importações de outras origens seria maior. Mas tais compras externas por importadores demandam uma conjuntura de preços mais altos da Petrobras, já que o diesel da estatal atualmente tem uma defasagem em relação ao mercado global, segundo analistas.
A Rússia se tornou neste ano o principal fornecedor estrangeiro de diesel para o mercado brasileiro, tomando a posição dos norte-americanos ao ofertar o combustível com desconto em relação a outras origens, enquanto enfrenta sanções dos países do G7 aos derivados produzidos no país por conta da guerra da Ucrânia.
Somente em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que importa entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.
“A partir do momento em que a grande fonte supridora acaba sendo reduzida na marra, a tendência é que o mercado responda como uma sinalização de restrição”, disse o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo.
O especialista destacou ainda que o diesel dos EUA, que tradicionalmente era o maior fornecedor externo do Brasil, está atualmente com valores R$ 0,50 por litro mais altos do que a média praticada pela Petrobras, principal fornecedora do Brasil, na venda a distribuidoras.
“O mercado já está reagindo, o preço do diesel subindo… a expectativa é que amanhã (sexta-feira) tenha reflexo no PPI (Preço de Paridade de Importação) da ordem de 5%”, disse o presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), Sergio Araújo.
Com menor oferta do diesel russo, o produto importado deve ficar mais caro no Brasil em um contexto em que defasagem de preços do diesel importado em relação ao da Petrobras é de 14%, nas contas da Abicom.