Estas últimas semanas têm sido bastante animadas no meio agronegócio. Preço da soja subindo cada vez mais, num ritmo maior que o dólar no mercado brasileiro. Aliás, se o preço da saca da soja fosse o dinheiro do dia a dia, como é o Real podia ser que a situação da economia brasileira fosse diferente. Será? O mesmo aconteceu com o café, que experimentou altas seguidas e com a saca do arroz, cujo produtor nunca viu tamanha valorização, R$ 100 a média da saca, quando em geral, batia nos R$ 45 a pau e corda!.(Isto virou um rebuliço com matéria em toda a imprensa nacional. Como disse um jornalista, bom pro tomate e para o feijão que saíram um pouco desta vitrine.
Ao mesmo tempo a pressão internacional para que o Governo do Brasil tome atitudes enérgicas para a preservação da Amazônia, aumenta cada vez mais. A medida mais explícita que tomaram foi ameaçar boicote à compra de produtos oriundos do agronegócio brasileiro, como grãos, carnes, entre outros. Isto resultou em um movimento chamado Coalizão Brasil, que uniu, pela primeira vez, ambientalistas, setores industriais e dos produtores rurais, em uma única mesa com o objetivo de construírem uma pauta conjunta em relação a este tema.
Um documento com seis grandes tópicos foi elaborado e entregue ao Presidente Bolsonaro. Ganhou destaque nacional e internacional, através dos meios de comunicação. E, mais uma vez, o agronegócio esteve nas luzes dos palcos. Há uma herança memorial, na maioria da população, de que o “fazendeiro” é um cara que não quer respeitar o ambiente onde trabalha e só está interessado em plantar, plantar, plantar cada vez mais para lucrar mais. E porque é uma herança memorial? Porque por muito tempo isto foi uma realidade, em parte.
Atualmente e principalmente após a aprovação do código ambiental, a regras são muito rígidas e fiscalizadas. Com o advento da tecnologia satelital, é possível saber quem está provocando danos ao meio ambiente, de uma forma muito precisa e rápida. Além disto, as técnicas conservacionistas, como o plantio direto, ensinaram ao produtor rural, conceitos que hoje resultam, por exemplo, na tecnologia de Integração Lavoura Pecuária Floresta ou, quando não é possível implantar a floresta, somente a primeira parte.
Tudo isto levou a um caloroso debate sobre produção agrícola, custos da lavoura, rentabilidade para o produtor (arroz, por exemplo), proteção ao meio ambiente, mudanças climáticas e muitos outros. Sempre tendo o agronegócio, na maioria das vezes, como pano de fundo.
Penso que as entidades que atuam no dentro e fora da porteira têm aí uma oportunidade de construir uma união e mostrar como realmente funcionam as coisas no campo. Quais os custos para produzir um kg de alimento, seja ele qual for. Mas mostrar a realidade, sem acréscimo de “choro”. No mesmo tom que o setor da indústria e comércio fazem quando querem apresentar seus números.
É tempo de sair da trincheira e mostrar que todos estão no mesmo barco, cada um ocupando uma função. Remar para o mesmo sentido, para chegar ao mesmo porto. Do contrário, vão ficar, mais uma vez, girando em torno do mesmo eixo, sem sair do lugar, da sua trincheira. E isto, não traz mudanças.