Qual a sua trincheira?

em Nelson Moreira
19 de setembro de 2020

Estas últimas semanas têm sido bastante animadas no meio agronegócio. Preço da soja subindo cada vez mais, num ritmo maior que o dólar no mercado brasileiro. Aliás, se o preço da saca da soja fosse o dinheiro do dia a dia, como é o Real podia ser que a situação da economia brasileira fosse diferente. Será? O mesmo aconteceu com o café, que experimentou altas seguidas e com a saca do arroz, cujo produtor nunca viu tamanha valorização, R$ 100 a média da saca, quando em geral, batia nos R$ 45 a pau e corda!.(Isto virou um rebuliço com matéria em toda a imprensa nacional. Como disse um jornalista, bom pro tomate e para o feijão que saíram um pouco desta vitrine.

Ao mesmo tempo a pressão internacional para que o Governo do Brasil tome atitudes enérgicas para a preservação da Amazônia, aumenta cada vez mais. A medida mais explícita que tomaram foi ameaçar boicote à compra de produtos oriundos do agronegócio brasileiro, como grãos, carnes, entre outros. Isto resultou em um movimento chamado Coalizão Brasil, que uniu, pela primeira vez, ambientalistas, setores industriais e dos produtores rurais, em uma única mesa com o objetivo de construírem uma pauta conjunta em relação a este tema.

Um documento com seis grandes tópicos foi elaborado e entregue ao Presidente Bolsonaro. Ganhou destaque nacional e internacional, através dos meios de comunicação. E, mais uma vez, o agronegócio esteve nas luzes dos palcos. Há uma herança memorial, na maioria da população, de que o “fazendeiro” é um cara que não quer respeitar o ambiente onde trabalha e só está interessado em plantar, plantar, plantar cada vez mais para lucrar mais. E porque é uma herança memorial? Porque por muito tempo isto foi uma realidade, em parte.

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Atualmente e principalmente após a aprovação do código ambiental, a regras são muito rígidas e fiscalizadas. Com o advento da tecnologia satelital, é possível saber quem está provocando danos ao meio ambiente, de uma forma muito precisa e rápida. Além disto, as técnicas conservacionistas, como o plantio direto, ensinaram ao produtor rural, conceitos que hoje resultam, por exemplo, na tecnologia de Integração Lavoura Pecuária Floresta ou, quando não é possível implantar a floresta, somente a primeira parte.

Tudo isto levou a um caloroso debate sobre produção agrícola, custos da lavoura, rentabilidade para o produtor (arroz, por exemplo), proteção ao meio ambiente, mudanças climáticas e muitos outros. Sempre tendo o agronegócio, na maioria das vezes, como pano de fundo.

Penso que as entidades que atuam no dentro e fora da porteira têm aí uma oportunidade de construir uma união e mostrar como realmente funcionam as coisas no campo. Quais os custos para produzir um kg de alimento, seja ele qual for. Mas mostrar a realidade, sem acréscimo de “choro”. No mesmo tom que o setor da indústria e comércio fazem quando querem apresentar seus números.

É tempo de sair da trincheira e mostrar que todos estão no mesmo barco, cada um ocupando uma função. Remar para o mesmo sentido, para chegar ao mesmo porto. Do contrário, vão ficar, mais uma vez, girando em torno do mesmo eixo, sem sair do lugar, da sua trincheira. E isto, não traz mudanças.

Qual a sua trincheira?

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