Silenciosa mas devastadora

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O Brasil tem hoje cerca de 18,6 milhões de pessoas com ansiedade e 13,5% com depressão. Uma parte destes números foram “conquistados” pelos efeitos da pandemia onde as incertezas, medos e receios desencadeou uma crise na saúde mental de muitas pessoas. Para um grupo de psicólogos mineiros, criadores do movimento Janeiro Branco, “A correria do dia a dia, entre equilibrar a vida pessoal e profissional e as rotinas diárias, traz a perda desse equilíbrio e, consequentemente, a diminuição da qualidade de vida, o que pode gerar adoecimento e afastamento”, explica a psicóloga da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Luana Nogueira Ferrari.

Ela explica que o movimento Janeiro Branco pega carona no mês tradicionalmente marcado por reflexões e planejamentos profissionais e pessoais e objetiva conscientizar sobre a importância de colocar na lista as metas traçadas e o cuidado com a saúde mental.

Ao longo da vida, todos podem ser afetados por problemas de instabilidade emocional de menor ou maior gravidade. Certas situações específicas podem gerar e agravar os quadros de perturbações na saúde mental. “O mundo moderno e globalizado, por exemplo, não só trouxe comodidades tecnológicas e confortos, mas também gerou uma série de inquietudes no ser humano.

É preciso ser multitarefas, competitivo, assertivo e, ainda, lidar com as cobranças internas e externas. A falha nesse processo gera frustrações e pode acarretar fraquezas e adoecimento mental”, aponta Luana. (Fonte: Visão Hospitalar) Tenho a visão que um dos principais “criadouros” deste problema de saúde mental é o modelo trabalhista que temos hoje. A exigência de ser multitarefas, atender as milhares demandas que surgem em um único dia sem conseguir concluí-las na totalidade, a pressão por se manter no emprego, (há uma alta oferta de mão de obra) a impossibilidade de pagar as contas da lavoura, geradas por uma seca ou tempestade que devastou a plantação, vai criando um ambiente interno nas pessoas que se não houver uma atenção especializada, vai “explodir” em algum momento. E o número de pessoas com este problema, só aumenta.

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E já que gostamos muito de fazer comparações com outros países, na Alemanha, uma pessoa contratada, por exemplo, para ser um revisor de texto, faz somente esta tarefa. Hoje em dia, no jornalismo, a pessoa tem que saber escrever, criar texto para redes sociais, gerenciar as redes, fazer foto, vídeo, e, ter tempo para escrever a reportagem que lhe foi passado como tarefa do dia. Tudo isto em 6 horas diárias (conforme a lei da profissão), que nunca se cumpre. O acúmulo de tarefas não realizadas vai gerando uma angústia porque o “seu chefe” que também sofre o mesmo problema, está de olho na sua produtividade e pensando se você é ou não produtivo o suficiente.

O modelo de trabalho no qual estamos inseridos é sim, um formador de pessoas com saúde mental debilitada. Candidatos a terem como seu maior companheiro os comprimidos para ansiedade e depressão. E, em seguindo neste processo, crise de pânico, burnout, afastamento do trabalho.

Penso que já passou da hora de questionar este modelo e ver se é assim que queremos continuar daqui prá frente, porque a tendência é que o número das estatísticas só aumentem.

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