Tá falando com quem?

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Em um post publicado no twitter uma pessoa dizia o seguinte: “Descoberta recente da vida adulta: Carne moída não é um tipo de carne. Precisa comprar a carne no balcão e pedir pro açougue moer”. E ela conclui; só eu não sabia???” O debate que surgiu no grupo onde este post foi colocado foi de que o agro precisa melhorar a sua comunicação, porque mais uma vez, a pessoa da cidade não entende de onde vêm os produtos que saem da fazenda, tipo leite já sai em caixinha de dentro da vaca.

A discussão que se seguiu no grupo partiu da colocação de Aretuza Negri: “sempre procuro trazer essa reflexão nas minhas redes e com alguns colegas. Será que o agro não peca na forma em que nos comunicamos? Informação tem! Temos Jornalistas, Comunicadores, pesquisadores incríveis. O x da questão é que estamos em um setor no qual muitos batem palmas os extremismos, para polarização e se esquecem que o nosso ponto chave é produzir alimentos e alimentar pessoas. Eu por exemplo, já tive que ouvir coisas do tipo ” não sou responsável pelo combate da fome no mundo. Eu produzo e isso a galera que se vire pra distribuir.” Nós temos uma comunicação capaz de furar a bolha do agro, mas muitas vezes temos pessoas mais preocupadas em falar PARA o agro, do que SOBRE ele.

E ela ainda continua. “Sabe o que falta? Uma comunicação responsável. Parece que existe uma busca frenética pelo engajamento e o povo esquece do propósito. A internet virou uma terra sem lei, onde se você não fala o que você o que as pessoas querem ouvir, é apedrejado em praça pública. E nós, como agentes de comunicação, temos que ter a responsabilidade das informações e da forma que trazemos determinados assuntos para as redes. Outro ponto que devemos pensar é como tratar o agro enquanto cadeia. Recentemente trouxe a dita informação dos 70% da produção brasileira é feita por agricultura familiar, o que não é verdade, mas mesmo assim temos uma produção de 23% comprovado por pesquisas (um número bem expressivo pensando no tamanho no Brasil), muitos pequenos produtores se doeram e outros tantos criticaram grandes produções. Em alguns momentos o agro se volta contra ele mesmo. A mudança está mais de dentro pra fora do que de fora para dentro.

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Então, fiz minha observação sobre o tema. “Me parece que um passo para esta comunicação ser responsável é começar a definir quais grupos estão inseridos quando se fala O Agro? Agronegócio é um sistema produtivo (cadeia) onde estão envolvidos outros sistemas produtivos além daquilo que acontece dentro da porteira. Quando se fala o Agro não para, quer dizer o que? Quando os críticos dizem que o agro polui, quem é este agro? E quando se quer ufanizar as ações do campo, se diz que o Agro alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Quem é esta figura Agro?

É preciso dar nome certo às coisas, nestes casos. Agronegócio ou Agro, é um conjunto de atividades que envolvem milhões de pessoas e representa X% do PIB brasileiro. O Agro dentro da porteira, representa x % e é responsável por uma parte deste PIB e pela origem de grande parte das matérias primas que chegam aos mais diversos consumidores, seja em forma de madeira, couro, tecido, alimento, nutrientes elaborados, etc.

E Aretuza conclui: O grande desafio da comunicação é mudar a mentalidade do próprio agro. Eu repúdio a frase “se o campo não planta a cidade não janta”, e falei isso no palco só YAMI quando fui embaixadora. O campo planta porque tem pesquisa, tem tecnologia, e só planta, porque tem quem come. Vamos lembrar da greve dos caminhoneiros de 2018? Quanto de alimento foi perdido na paralisação? O que adiantou plantar? Somos elos dependentes…se um não funciona, a cadeia toda padece.

Entendo que é uma ação que busca dar valor aos produtores rurais e seu trabalho, mas tem momentos em que esta comunicação não tem atingido o objetivo final e, ao contrário, criar uma imagem contrária. Quem está no campo, precisa lidar explicar temas como desmatamento, uso de agroquímicos (agrotóxico), queimadas, entre outros, pois, quando chegam na cidade, criam uma imagem x ou y, dependendo de como é feita esta comunicação. É preciso lidar com este assunto, sem ficar com frases do tipo, a Europa devastou mais que eu, eles fazem pior que eu. O melhor caminho é uma autocrítica e uma lista de medidas práticas e fáceis de como fazer diferente. E executar a lista. Isto vai fazer a diferença.

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