Neste exato momento, em alguma parte deste planeta alguém solitariamente ou várias pessoas em reunião estão falando sobre o tema que preocupa uma boa parcela da população; como reduzir o impacto que a existência do ser humano na terra, provoca. O assunto mais forte é a redução da emissão de carbono, o CO². Há muita discussão em torno de como se calcula a emissão e sobre os processos para reduzir ou eliminar este problema. Há muitos teóricos dizendo que a produção de alimentos, no caso, a agropecuária brasileira pode ser de grande ajuda neste processo e, por isto, começam a fazer cálculos de quanto uma plantação de soja, de milho ou mesmo a pecuária, sequestra de carbono, para então, via certificados internacionais, mostrar que o setor é e pratica a sustentabilidade.
Isto é muito importante sim. Mas não é tudo. Porque nenhum setor existe sozinho, nenhuma atividade comercial, industrial ou de produção agrícola nasce de geração espontânea e independe de outros para existir. A interrelação das coisas é tão forte que se um dos elos do sistema quebra (paralisa) todo o sistema sofre as consequências. Portanto, quando se entra numa discussão destas, sobre redução de impactos feitos no meio ambiente, é preciso levantar a cabeça e olhar para muito além do meu horizonte ou do meu umbigo. Isto porque, toda a minha ação gera consequência em diversas direções.
Um exemplo de como o processo de redução no impacto ambiental precisa envolver vários atores é o que me relatou um executivo de uma fábrica de motores. “Para cada tonelada de aço produzida, a média anual mundial de produção de CO² é de 1,89 tonelada. Em uma máquina ou implemento agrícola, mais de 95% da sua composição é aço. Portanto, quando se pensa em quanto uma propriedade precisa reduzir, deveria se considerar também, o sistema todo e fazer com que a cadeia de produção e de consumo participassem do processo juntos, pois, do contrário, pode haver uma distorção na realidade e na redução pretendida.
Da mesma forma é interessante jogar para discussão a questão de que a China é a principal emissora deste gás que prejudica a nossa atmosfera, que ajuda nas causas do efeito estufa, segundo uma ala de cientistas. Em gráficos sobre o assunto o país oriental sempre consta em primeiro lugar. O dedo está sempre apontado para ela, mas pouco se fala que o setor produtivo, industrial principalmente, é o causador desta situação. Isto porque, as grandes fabricantes de carros, de equipamentos mecânicos, que precisam de aço inclusive, por conta de na China os custos de produção serem menores, mudaram suas plantas fabris ou até mesmo construíram novas unidades lá na China, aumentando, e muito a poluição naquele país e, consequentemente, e emissão deste gás.
E é importante também perceber que mudanças de comportamento reais, duradouras, não acontecem se as regras forem impostas, de cima para baixo. Ou se forem feitas unicamente para ter o papel de certificação pendurada na parede enquanto os realizadores não acreditam na necessidade de agir em prol da redução da poluição. Fica tudo muito no discurso, mas a prática consciente não acontece, é a cabeça não conversando com o coração, não gerando uma prática porque acredita naquilo.
Fato é que a solução não é simples e os movimentos ainda são primários, precisando que todo o assunto seja aprimorado, estudado mais a fundo para que se tenham soluções amplas, visões de espectro maior e sistêmica porque não dá para tapar a cabeça e ficar com os pés de fora. Também não dá para ficar parado esperando que venha a peça pronta. É um processo de construção e, neste caso, é caminhando que se chega em algum lugar.