A Mão que Dá as Cartas

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“Não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta” diz um ditado popular. Mas o que fazer quando o mercado consumidor acaba levando as coisas para este lado? No momento atual o Brasil se torna um grande produtor mundial de soja, superando, ano a ano, seus recordes. É o produto número 1 na pauta de exportação geral do País e na de produtos agropecuários também. Neste caso, é seguido pelo milho, carne de frango, bovina, cana de açúcar e café.

Mas este processo de ser grande produtor está correndo um risco bastante grande porque temos no mundo somente um grande consumidor que é a China, como todos sabem. Para produzir ração para seu enorme rebanho suíno e alimentar sua população, buscando diminuir sua inflação interna que está ocorrendo sobre os alimentos, ela vem comprando sistematicamente do Brasil e dos EUA grandes quantidades de soja. No nosso país, já há contratos da safra 21/22 vendidos. Isto eleva os preços pagos pelo produto, os ganhos ao produtor e deixa todo os sistema produtivo eufórico.

A questão é que neste momento, quem está dando as cartas neste jogo é justamente a China. E as compras que ela faz, parece jogo de pingue pongue. Compra nos EUA enquanto espera que os preços nos Brasil que estavam altos por conta das últimas compras que fez, caiam e vice-versa. E assim, vai jogando o jogo do mercado. Desta forma, mantém as boas relações internacionais diplomáticas e também, estimula seus fornecedores a continuarem produzindo o que ela precisa para seu provimento, sempre pagando barato, porque na relação cambial com o Brasil, por exemplo, os produtos agropecuários saem para o exterior, a preços muito baixos.

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E qual o risco que estão correndo os produtores brasileiros? Enquanto o governo americano estiver na mão de Donald Trump, muito pouco. Ele vem mantendo esta briga comercial com a China e com o resto do mundo, aliás. Mas se houver a vitória do candidato Democrata e este retirar as barreiras tarifárias que Trump impôs, a China pode aumentar consideravelmente o volume de compras de soja daquele país e ai, é possível que o Brasil fique com um volume de soja estocado muito grande, o que levaria a queda do preço pago pela saca e toda a sua consequência no agronegócio soja.

Uma perspectiva de mudança neste jogo é a entrada da Índia como nova consumidora de soja e outros produtos brasileiros porque permitiria ter mais competidor e menos dependência de um único comprador em grande escala. De fato, é preciso que as entidades representativas dos produtores, em conjunto com o Governo, comecem a estudar as relações comerciais, a geopolítica mundial para ver como sair desta “amarra” intrincada e buscar ser o mandante do jogo. Não é fácil, mas deve ser tentado.

A Mão que Dá as Cartas

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