Negociar é sempre melhor
Temos uma cliente aqui no Brasil & Silveira Advogados que passou por uma situação bem complicada de superendividamento com o banco. Ela devia cerca de R$5 mil no cartão de crédito, R$3,2 mil no cheque especial e R$1,7 em empréstimos.
Vamos passar para você as mesmas dicas que demos para ela, além de outras opções que existem e que você também pode tentar. Como a situação dela se complicou, chegamos à conclusão de seria preciso buscar os direitos dela como consumidora na Justiça. Porém, este é o último caso. Vamos lá?
- Antes de tudo, saiba exatamente quanto você deve
Identifique tudo que você deve e priorize as dívidas mais importantes, aquelas que mais comprometem sua renda.
Coloque no papel de onde é a dívida, o total, quantas parcelas são, quanto já foi pago, o que ainda falta. Deixe tudo anotado.
- Saiba o valor real da dívida
Se as dívidas estão atrasadas, provavelmente os juros e multas já foram somadas ao valor devido. Entre em contato com o banco para saber o valor atualizado da sua dívida. Saiba também qual é a taxa de juros.
Muitos bancos disponibilizam estas informações nos aplicativos de celular. Caso contrário, ligue para a central de atendimento ou vá até a agência e converse com o gerente.
É o caso da nossa cliente: uma parte considerável daquele valor que listamos acima é de juros e multa. E eles não são nem um pouco pequenos.
- Não aceite a primeira proposta de negociação que o banco fizer
Não se sinta pressionado(a) a aceitar o primeiro valor que lhe será proposto. Antes de tudo, você precisa saber se será possível pagar por aquilo. Faça as contas.
No caso da nossa cliente, a primeira proposta oferecida pelo banco permitia o pagamento da dívida em parcelas bem pequenas ao longo de 36 meses, mas fazendo as contas depois, ela percebeu que a negociação simplesmente dobrava o valor original da dívida.
- Vá até feirões de negociação
Muitas instituições costumam promover feirões de negociações para que credores e devedores finalmente possam chegar a um consenso. O Serasa Limpa Nome, além dos feirões presenciais, tem um sistema on-line para verificar as melhores ofertas disponíveis para seu CPF. Vai que dá certo?
- Transfira sua dívida para outro banco
Sim, é possível. O processo chama-se portabilidade de crédito. Pode ser que outra instituição financeira tenha juros mais atrativos e formas de pagamento melhores. Caso eles aceitem a transferência da dívida, esta pode ser uma boa opção para você.
- Faça um empréstimo para pagar sua dívida
Aqui será necessária muita conta para saber se compensará usar essa manobra. Caso contrário, você terá duas dívidas que não conseguirá pagar.
O empréstimo em outro banco pode compensar para quitar de vez a dívida original, encerrando o acúmulo de juros diários. O empréstimo também precisa ser em condições de pagamento razoáveis para não virar outro problema.
Por que então entrar na Justiça se nada disso der certo?
Muitos bancos podem querer forçá-lo a fazer um novo empréstimo e pressioná-lo a fazer uma nova dívida para quitar a primeira. Definitivamente isto não pode acontecer. A cliente do nosso escritório se sentiu muito incomodada com essa prática do banco e nos buscou para irmos atrás de providências legais.
Cobranças abusivas, ligações de cobrança em horários inoportunos também podem resultar em indenizações por danos morais e materiais.
Mesmo assim, é preciso tomar cuidado. Não existe nenhuma lei que limite os juros cobrados pelos bancos. Considera-se juros abusivos simplesmente aqueles que ultrapassam o cobrado normalmente no mercado.
Caso ache realmente necessário buscar seus direitos na Justiça, busque a orientação jurídica de um advogado munido de tudo que possa lhe servir como prova – o contrato, número de protocolo, horário de atendimento, nome do atendente etc. – de que você estava disposto a negociar, mas o banco estava dificultando.
Após tudo isso, resta a grande lição: evite novas dívidas.