Da série perrengue chique das finanças

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Acordou, respirou, inspirou, fez sua meditação diária e se conectou com a Black Friday. A cada minuto recebe uma notificação dos seus sites prediletos informando uma grande oferta.
Se prometeu não gastar, já extrapolou o limite das compras antes mesmo da Black Friday começar. Mas… sabe como é, né?! A mão coça, o gatilho mental da escassez lhe aperta o juízo e a parcela sempre vence.
Comprou. Comprou com peso na consciência, mas comprou. Fez as contas, ignorando a realidade, e computando a parcelinha do décimo terceiro.
Ligou pra melhor amiga e disse: -Comprei.
A amiga que também desejava o mesmo produto arregalou os olhos, perguntou o preço, calculou mentalmente seu limite no cartão, respirou fundo e decidiu, prudentemente, não se arriscar. Passou vontade, mas não passou o cartão.
Seguiram a vida e o produto chegou. Lindo! Irretocável! Melhor do que sonhara!!! Valia cada centavo “pago” na liquidação.
Antes mesmo de inaugurar, ato contínuo, a fatura do cartão fechou. A vida é sincera, aqui se compra, aqui se paga.
A perna amoleceu, o coração acelerou, o produto perdeu a graça e a cabeça fervilhou.
Sem respirar pediu para devolver, parcelou a fatura do cartão, ligou para amiga e inventou uma desculpa para dar satisfação.
Devolver, até devolve, mas assumir que seu limite está extrapolado, isso não faz, não.
Por hoje, lembranças a rainha, que nunca compra na promoção e se faz linda estampada na libra esterlina.

Da série perrengue chique das finanças

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