Hoje, 18 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. Como o álcool se encontra presente em uma variedade de situações sociais, este costuma ser um tópico sensível. O “beber socialmente” pode evoluir sorrateiramente para uma dependência.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o alcoolismo como uma patologia crônica desencadeada pelo uso constante e descontrolado de bebidas alcoólicas. Ela pode comprometer a função do organismo com o tempo, causando problemas de saúde irreversíveis.
Visando conscientizar as pessoas sobre as consequências da ingestão desenfreada de álcool, o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo foi estipulado no país. Entretanto, esse dia não diz respeito somente à dependência e as suas consequências.
O alcoolismo afeta o casamento, as relações familiares e profissionais, a situação financeira, diminui a autoestima e impacta também a saúde mental da pessoa alcoólatra e dos indivíduos ao seu entorno. Esses fatores devem ser discutidos ao longo da recuperação desta condição.
O alcoolismo é a terceira maior causa de mortes no mundo, segundo a OMS. Somente no Brasil cerca de 15% da população é dependente do álcool, sendo que a maioria é formada por homens entre 18 a 29 anos. Dados extremamente preocupantes.
Como as bebidas alcoólicas são drogas lícitas e o seu consumo é incentivado (às vezes, excessivamente), é fácil exagerar na ingestão.
Aumento de consumo de álcool na pandemia
As pessoas passaram a beber mais durante a quarentena. Os sentimentos negativos provocados pelo isolamento social, o tédio da rotina sem compromissos produtivos e o número crescente de casos e óbitos levaram muitos brasileiros a recorrerem às bebidas alcoólicas para aliviarem a tensão.
Um estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revelou que 35% das 12 mil pessoas entrevistadas — sendo que 30% desse total eram brasileiras—, afirmaram beber além do considerado socialmente aceito.
Cerca de 52% dos entrevistados apontaram o estresse e ansiedade como as maiores causas do aumento da ingestão de álcool. Usaram a bebida alcoólica para relaxar, se divertir e escapar de sentimentos ruins.
Como o álcool promove alívio imediato e ajuda as pessoas a esquecerem dos problemas, é muito atraente em momentos de crise.
O problema é que o excesso de álcool no organismo deixa as pessoas ainda mais ansiosas, além de incentivar condutas violentas. Aliados ao cenário de confinamento, esses fatores aumentam a probabilidade de uma tragédia acontecer dentro ou fora de casa.
Além disso, a necessidade de sentir-se bem constantemente provoca cada vez mais consumo de álcool. Se a pessoa não for consciente e souber quando parar, pode ficar dependente dessa substância.
Para que o hábito de beber seja considerado dependência, ele precisa se repetir durante meses e, ainda, fazer correspondência aos seguintes critérios:
- A pessoa precisa ter crises de abstinência quando não bebe;
- A pessoa precisa investir grande parte do seu tempo e dinheiro no consumo de álcool;
- A pessoa precisa ter passado por diversas tentativas fracassadas de cortar ou controlar o consumo de bebidas alcoólicas;
- A pessoa precisa sentir vontade irresistível de beber;
- A pessoa precisa prosseguir com o hábito de beber mesmo sabendo de suas consequências;
- A pessoa precisa apresentar comportamentos atípicos;
- A pessoa precisa negar o seu vício no álcool quando este é apontado por terceiros.
O tratamento dessa doença crônica é focado nas múltiplas necessidades do paciente, as quais englobam a sua vida social, familiar, amorosa e profissional. O seu estado emocional, é claro, também é uma grande necessidade.
A terapia para o alcoolismo pode acontecer individualmente e/ou envolver entes queridos, como a família e o cônjuge. Assim, a terapia de casal, familiar e individual são igualmente eficazes para o tratamento.
Como a família desempenha um papel muito importante na recuperação da dependência, consultas em grupo tendem a ser mais benéficas para o paciente.
Fonte Vittude