Deitar em berço esplêndido, produtor? Pode ser um grande risco hoje!

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Em 2010, a Rússia importava o correspondente a US$ 3,9 bilhões de alimentos do Brasil. Por muitos anos foi o principal mercado comprador de suínos brasileiros. Atualmente este valor caiu para R$ US$ 1 bilhão. Já, a Arábia Saudita, que na década de 80 foi o país que provocou o alavancar da agroindústria de aves e suínos e que em 2015 comprou do País o equivalente a US$ 2,2 bilhões, vem gradativamente reduzindo estes gastos e, na semana passada retirou da sua lista de fornecedores, 11 plantas frigoríficas brasileiras. Ao mesmo tempo em que sua maior empresa de produção de frangos anunciou um investimento de US$ 1,2 bilhão na ampliação da estrutura e de produção de aves. Para completar o cenário, desde 2010 o bloco europeu vem também reduzindo o volume de compras de alimentos brasileiros.

Os analistas de mercado internacional falam que este movimento dos países e blocos em torno de fortalecerem sua produção local é comum de acontecer, justamente para não ficarem dependentes de fornecedores externos. Mas, com certeza, faz acender a luz amarela em todo o sistema produtivo brasileiro.

Se, por um lado temos a redução de alguns países, por outro temos o forte crescimento de compras por parte da China. Em 2010 seus investimentos em importações de alimentos saídos do Brasil eram de US$ 8,84 bilhões. Dez anos depois chegam a US$ 29,29 bilhões, comprando numa voracidade a soja e o milho além de produtos cárneos. Isto pode ser justificado pelo aumento populacional do país oriental e ainda do crescimento significativo da renda dos chineses, elevando a capacidade de consumo de produtos diversos. Para melhorar o tempero a desvalorização do Real frente ao dólar faz os nossos produtos ficarem muito barato para o comprador externo. Só que, faz o Brasil se tornar um “Chinadependente” em termos de comprador dos agroprodutos que produzimos.

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Isto pode ser visto como totalmente positivo porque trouxe uma valorização para a soja e o milho a patamares nunca antes visto. Só que a médio prazo pode causar um efeito ruim, de aumento significativo de produção e, quando a China alcançar sua auto suficiência e reduzir o volume de compras, o estoque de grãos pode estar em um patamar muito alto e os preços caírem drasticamente. Por isto, é preciso traçar planos estratégicos para médio e longo prazo.

É interessante surfar na onda, no pico, no aquecimento da necessidade de alimento pela China. Mas também, começar a olhar para três possíveis mercados a serem abastecidos. O interno, quando se conseguir novamente reduzir o tamanho da população que está num alto nível de pobreza e em reduzindo que possa voltar a consumir produtos, a Índia com seus 1,35 bilhão de habitantes e outros países asiáticos com crescimento no seu poder de compra.

Qual um cenário que se mostra no horizonte de possíveis concorrentes a estes mercados externos? Rússia, que está fomentando a volta de 10 mil produtores para regiões agrícolas que tinham sido abandonadas, a vizinha Geórgia com investimento em tecnologia para produção agrícola e Ucrânia. Qual a principal vantagem deles? Geográfica. Estão mais pertos deste mercado reduzindo custo de logística.

Além disto, já estão com planos estratégicos para serem competidores no mercado de fornecedor de alimentos.

Por isto, como diz o José Luiz Tejon, é necessário urgentemente ter um plano estratégico “algo que mais falta para o Brasil”, ressalta. Neste momento, os produtores até podem deitar em berço esplêndido, mas é preciso ter cuidado porque hoje, isto é um grande risco!

*Com informações de Mauro Zafalon

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Folha de São Paulo.

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