Tudo o que se planta, cresce e se colhe. Bem sabe o produtor rural, independente da cultura com a qual trabalha. No meio do processo tem os cuidados com a planta, os remédios para afastar doenças ou pragas. A natureza ensina muitas coisas para nós homens que, em geral, por conta de uma soberba, não prestamos a atenção. A trajetória do ser humano é também plantar, crescer e colher.
Mas há uma ordem perversa neste processo e ela está incutida no modelo econômico produtivo no qual vivemos. Pois bem, vejamos. Todos, inclusive os produtores rurais, começamos a vida economicamente ativa por volta dos 22 anos em média. A partir deste momento cada salário que ganhamos quando somos jovens, queremos ganhar o mundo fazer festa, passear e tentar sobrar um para chegar até o fim do mês. Claro cada pessoa tem a sua realidade. Mas não somos acostumados a pensar em gerenciar estes valores para uma reserva de emergência ou para investimentos no futuro, para quando chegarmos na época em que talvez, não possamos manter o mesmo ritmo de trabalho de quando somos jovens.
A ordem perversa é que iniciamos a contribuição obrigatória para uma aposentadoria e quando ela chega, muitas vezes o que se recebe é um valor que na grande maioria, dá para viver apertadíssimo, sem luxos, mesmo que tenhamos tido uma vida produtiva com altos ganhos salariais. E o que se aprende neste momento? Faltou planejamento.
É aí que entra a história da Cigarra e a Formiga. Acho que na verdade, Ésopo falava disto. Das fases da vida pelas quais passamos e que precisamos, desde cedo, pensar lá na frente e ter um plano de contenção financeira para não se passar necessidades depois.
O modelo que temos hoje leva grande parte da população a viver somente da aposentadoria do INSS. Aos que podem, pagam por fora uma previdência privada, com o objetivo de ter uma renda lá na frente.
Mas a julgar pela realidade que temos hoje, creio que muitas pessoas não vão conseguir parar de trabalhar, mesmo se aposentando ou tendo a renda da previdência privada. Porque um destes valores vai servir para pagar o plano de saúde, a fim de não depender do SUS. É, infelizmente, um cenário ruim de pensar, mas é a realidade que vivemos, neste momento.
Alguns consultores financeiros dizem que a pessoa deve procurar separar 1/3 do seu ganho mensal para reservas. Retirá-lo do orçamento e colocar em alguma forma de investimento. Seja como for, o que sabemos hoje é que há dois momentos na vida em que o “custo” é maior, em geral. Durante os primeiros anos da infância, pela necessidade de consumo de vários produtos e medicamentos e a partir do que hoje chamam a terceira idade. Da primeira fase quem cuida são os pais. Mas para a outra, é preciso já planejar a partir do momento que se começa a trabalhar, porque o tempo voa e quando você vê, já chegou lá.