Você talvez não saiba, mas se for pesquisar a sua árvore genealógica pode encontrar uma origem judaica na sua ancestralidade. Em seus mais de 5 mil anos de existência o povo judeu sofreu perseguições, foi escravo, precisou fugir para outros países, foi forçado a negar suas tradições e religião para não perder a vida, sacrificado durante a segunda guerra e ainda hoje, de uma forma ou de outra, se depara com situações de bullying. De qualquer forma o resultado deste processo todo é um sentimento de não pertencimento, aceitação e o fortalecimento da necessidade de unir-se em torno do mesmo grupo étnico para ser reconhecido como tal. E, em vários casos, de negação da sua origem.
Recentemente li um texto e vi um documentário (Pisa Ligeiro) que fala dos povos originários do Brasil e os problemas que vêm enfrentando em relação a forçada convivência com o homem branco. Segundo o relato de um cacique, a denominação índio/indígena além de ser uma imposição dos “forasteiros” que aqui chegaram, acabou carregada de uma série de preconceitos que lhes tiram o valor como ser humano. A pecha “mais leve” é de que índio é preguiçoso. Conforme este cacique a situação é tão complicada que muitos jovens estão começando a negar a sua origem, para não sofrer desprezo, bullying entre outras agressões. E nem estamos falando na invasão das terras.
Pensando nestas duas situações vem a imagem de Michael Jackson, fazendo tratamento para ficar branco. E a lembrança de um filme onde uma menina negra, americana, chegou em casa chorando e foi em busca de uma pedra pomes e se esfregava para ver se saía a cor da pele que a fazia sofrer tantas agressões.
Por incrível que pareça somos uma civilização que tem grandes dificuldades de aceitar ao outro, a sua forma de viver, a cultura, costumes, cor da pele, corpo, dos cabelos e uma infinidade de nãos ao outro. E porque isto? Porque será que sempre queremos ser como os “desbravadores” europeus que saíram em busca de novas terras e, quando lá chegaram, desprezaram os que lá viviam e impuseram sua forma de vida na bala, espada ou outra forma de violência. Tudo isto abençoado por Deus, já que aqueles povos originários não tinham alma, porque não eram convertidos ao catolicismo.
Esta não conversão ao dogma católico foi também a ordem que autorizou à perseguição aos judeus. E parece que isto criou uma forma inconsciente de não aceitação ao outro. E os não aceitos, buscam se livrar daquilo que são, para não sofrerem mais a violência que sofrem.
Não sei se estou certo, mas parece que há uma conexão disto tudo com o momento pelo qual o produtor rural vem passando onde, em muitas situações, tem sido visto como o vilão da história. Onde alguns errados arrastam todos para a fama de mal. E, ao final, este produtor acaba escondendo a sua profissão que, por sinal, não existe oficialmente no cadastro brasileiro de profissões. É o mal de Michael Jackson, esconder de todos quem realmente é para não sofrer, já que ser aceito, hoje em dia, tá muito difícil.
Link do documentário Pisa Ligeiro – https://www.youtube.com/watch?v=VxVPZwkPRGo