Em apenas 10 anos (2010/20) a produção de grãos e carne no Brasil praticamente dobrou de tamanho. Os expoentes deste cenário são a soja e o milho, seguido pela carne bovina, frango e suína. Em 2010 o total produzido em grãos foi de 149,5 milhões de toneladas e de carnes 21,64 milhões de toneladas. Em soja foi produzido 64 milhões de toneladas e em milho 50 milhões de toneladas. No fechamento da década a produção de milho e de soja dobrou de tamanho e tem como perspectiva chegar a 129,7 milhões de toneladas e a de milho 103,2 milhões de toneladas. Isto posicionou o Brasil como um importante fornecedor de grãos e alimentos processados (frango e suíno), para vários países do planeta. Por sinal o fechamento do balanço de produção para frango apontava para 13,7 milhões de toneladas e para suíno 4,25 milhões de toneladas. Um detalhe é que a população brasileira cresceu 16,2 milhões de habitantes dentro desta década.
O fator crescimento populacional é relevante para ser considerado como um dos motivos do aumento de produção agropecuária no Brasil. Mas é preciso destacar que se não há grande mercado de consumo interno, com renda suficiente para manter este acréscimo de produção como aconteceu nestes últimos 10 anos, o produtor, por si só não teria investido em tecnologias e novas áreas de plantio. Claro, é preciso considerar que o mercado externo, principalmente China e Índia são grandes demandantes de alimentos, porque são apenas os dois maiores países em termos populacionais. E o enriquecimento dos chineses aumentou a demanda por variedade de alimentos. Esta é uma “lei” de mercado. Quando a população aumenta sua renda, passa a consumir alimentos mais elaborados, como yogurtes, por exemplo.
E várias outras razões podem ser apontadas para esta mudança no agro brasileiro (dentro da porteira). Na opinião de Antônio da Luz, economista chefe da Federação da Agricultura do RS, Farsul, a mudança começa quando em 1997, o governo Fernando Henrique retirou os subsídios de crédito rural e determinou que as negociações fossem diretas com os bancos. Para ele, a retirada desta proteção governamental, fez com que os produtores saíssem da zona de conforto e passassem a “lutar com as regras do mercado”, ficando na atividade os que estavam melhor preparados para o desempenho da função.
Portanto, a virada de chave do Agro começa um pouco antes da década que se encerrou há mês e meio atrás. E pode se dizer também que é fruto de todo o trabalho da pesquisa brasileira, no desenvolvimento de técnicas e tecnologias para a produção de alimentos em clima e solo tropical. E, claro, dos produtores rurais em utilizarem estas ferramentas na busca de melhorarem seus resultados na propriedade rural.
Importante destacar ainda que praticamente todo este aumento na soja e no milho, está servindo para abastecer o mercado externo, principalmente a China. E que ainda é possível aumentar mais este volume, investindo apenas em crescimento da produtividade por área, sem ocupar novas áreas de terra. Começamos a nova década já com números recordes de previsão de safra. Alguns gargalos como investimento em irrigação e armazenagem, em logística terão que ser resolvidos no curto espaço de tempo. Mas já se prevê que o Brasil deve encerrar a 3ª. década do século 21, como o principal produtor de alimentos mundial. Tomara que isto se reverta em riqueza para todos os brasileiros.