Sem vacina e preocupando os pecuaristas

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O dia 27 de maio foi marcante para vários estados brasileiros. A 88ª Sessão Geral da Assembléia Mundial dos Delegados da OIE. Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) reconheceu os estados do Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia como áreas livres de febre aftosa sem vacinação. A certificação também foi concedida a 14 cidades do Amazonas e a cinco municípios do Mato Grosso. Além disso, o Paraná também foi distinguido como zona livre de peste suína clássica independente.

Até o dia 26, apenas Santa Catarina desfrutava do reconhecimento internacional como área livre da febre aftosa sem vacinação. Segundo o Ministério da Agricultura, com o reconhecimento da OIE, mais de 40 milhões de cabeças de gado, ou cerca de 20% do rebanho bovino, deixarão de ser vacinadas contra a doença. O que representará uma economia de aproximadamente R$ 90 milhões para os produtores rurais. Isso sem levar em conta a redução dos custos com a criação de suínos.

De acordo com a ministra Tereza Cristina, quase metade do rebanho suíno se concentra nas áreas reconhecidas pela OIE. A decisão abre diversas possibilidades para que o Brasil trabalhe para alcançar novos mercados para as carnes bovinas e suínas, bem como pela ampliação dos tipos de produtos exportados para os países aos quais já tem acesso.

A decisão da OIE foi motivada porque estes lugares estão há 20 anos sem a circulação do vírus. E ela foi muito comemorada por várias entidades e governos. E, por um lado ela é mesmo de ser festejada. Mas, para muitos pecuaristas foi uma decisão que trouxe muita preocupação, e por quê? Porque foi precipitada, sem qualquer preparação dos estados para conterem o aparecimento do vírus. E porque todas as promessas feitas pelos Governos Estaduais, de investirem recursos no equipamento das inspetorias veterinárias, no treinamento, na compra de veículos, não foram efetivamente realizadas, ao menos no Rio Grande do Sul.

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Segundo produtores, muitas inspetorias estão abandonadas, sem o veterinário para realizar as tarefas ou com um profissional para cobrir áreas muito grandes o que inviabiliza um efetivo controle de saúde animal. Em regiões de fronteira como a do Rio Grande do Sul com a Argentina ou Uruguai, onde há muitas áreas em que a divisa é de uma cerca ou rua, as inspetorias estão em situação precária.

Na visão destes produtores a pressão para conquistar a zona livre veio da agroindústria de suínos que visa com isto abrir mercados até antes fechados para elas. E criticam que a decisão pode trazer prejuízos caso aconteça novo foco de aftosa no Estado. Segundo eles, o Uruguai não retirou a vacina e continua vendendo suas carnes para países como Coreia do Sul e Japão, altamente exigentes com a sanidade animal.

Se olharmos para a imensidão territorial que existe não só nos estados, mas também o Brasil, e sua precária infraestrutura em vários setores, fica claro que foi uma atitude de alto risco, tipo jogando com a sorte. Todo o ano, nas campanhas de vacinação de aftosa, sempre ficava um percentual entre 5 a 8% sem vacinar. Há quem defenda que isto não traz risco, mas podem ser um vetor da doença. Olhando por este viés, sim, foi algo precipitado. Dá uma sensação de decisão política para ganhar pontos junto a determinado setor da pecuária e à população.

Mas estas decisões, que envolvem dezenas de produtores, não podem ser tomadas no calor da torcida. Analisar todas estas questões é algo bem mais razoável e maduro. Que lhes parece?

*Com texto da Agência Brasil

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