Tá sobrando? Acho que não!

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Segundo dados da Associação Brasileira de Pós Colheita em Grãos, cerca de 20% do que é colhido acaba sendo desperdiçado. Esta análise é feita desde o momento que a colhedora é passada na lavoura até o destino final. Somente na área de armazenagem, são 3% de “quebra técnica”. No campo, 30% dos pecuaristas de corte não têm noção exata do rebanho que possuem na propriedade e na ovinocultura, principalmente no Rio Grande do Sul, 30% dos cordeiros de cada “safra” não chegam na fase do desmame. Plantadeiras têm demonstrado um nível baixo de efetividade no seu “serviço”, bastante preocupante. E estas perdas são históricas, não são fatos recentes.

Se passarmos para uma outra ponta do sistema, no setor de consumo de alimentos, já foi visto que aproximadamente 30% de tudo o que é produzido para consumo é desperdiçado, gerando um prejuízo de US$ 940 bilhões, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Se os governos fizessem conta de quanto de receita com imposto estão perdendo, muito provavelmente já teriam tomado medidas sérias para resolver o problema.

O mais curioso, ao olhar isto tudo, é saber que tem pelo menos 13,5 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, o que significa dizer que mal comem uma refeição por dia. Ou seja, tudo o que é desperdiçado poderia estar chegando na mesa destas pessoas.

Mas o que provocam estas perdas? Falta de tecnologia e conhecimento, não é, porque temos hoje um nível acadêmico muito avançado. A Embrapa, por exemplo, tem dado show nesta área. Setores como irrigação, fazem exaustivos investimentos em recursos dos mais diversos para serem cada vez mais precisos no uso e na aplicação da água para as plantas. Em pulverizadores de lavouras, nem se fala.

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Mas aliviando um pouco o peso sobre o agronegócio, dentro deste tema é possível dizer que no setor de construção civil, já entra no custo da obra as perdas de material (as vezes em excelente uso) em torno de 10 a 15%.

Para diversos pesquisadores que atuam nestas áreas citadas é uma questão de herança cultural. “Meus antepassados já faziam assim, dava certo, prá que mudar?” E mesmo que a resposta seja que precisa mudar ou vai quebrar, para muitos, parece que isto não traz efeito.

Por isto cabe a pergunta, tá sobrando? Parece que não.

Tá sobrando? Acho que não!

 

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