A cada ano que passa, assistimos à substituição em maior quantidade dos tradicionais vestibulares e processos seletivos por uma avaliação unificada, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de caráter nacional e, consequentemente, de abrangência consideravelmente maior, que tem repercutido amplamente na reflexão acerca dos níveis de ensino da educação básica e ditado mudanças curriculares sobretudo para o ensino médio. A partir dos conteúdos e orientações catalogados na Matriz de Referência do exame, muitas escolas de ensino médio elaboram suas diretrizes em tópicos mais específicos, voltados para a preparação para a avaliação, respaldando-se, principalmente, em questões de provas de edições anteriores.
Os estudantes, por sua vez, em suas maratonas de estudo, costumam priorizar as disciplinas do campo das ciências exatas e a redação e acabam esquecendo uma peça importante: as leituras, ditas “obrigatórias” para a realização do exame, cuja cobrança vem diminuindo significativamente a cada edição. Com tempo sempre apertado, a solução encontrada é ler os resumos e resenhas críticas dos livros cobrados nas provas. Mas, será que tal estratégia é suficiente para um aprendizado consolidado?
A queda na lista das obras literárias quer seja trabalhada na escola, quer seja cobrada nos exames, segundo a pesquisadora Camila Sequetto Pereira, traz como consequência o retorno a um modelo de ensino centrado no estudo da história literária, perspectiva que vai de encontro não apenas às orientações curriculares nacionais, mas também às diretrizes do próprio Enem. Por outro lado, depreende-se que tal prática esboça questões conteudístas, que não exploram o universo literário, sobretudo nacional que pode vir a ilustrar não só questões da área de linguagem, mas servir de contexto para outras áreas de conhecimento.
Como professora de Ensino Médio, penso que a propriedade adquirida ao conhecer a obra literária por completo, faz ampliar os conhecimentos do estudante, posto que trará um panorama acerca de uma gama de assuntos. Outrossim, o domínio sobre o tema abordado, inclusive seus aspectos literários, será muito mais amplo e coerente. Outro benefício é a possibilidade de elucidar um argumento na redação, utilizando passagens de clássicos literários como repertório sociocultural inerente à temática exigida. Deixo a seguir uma lista de sugestões de obras importantes, entre as mais cobradas nos exames, para a leitura não apenas dos vestibulandos, mas de todos que apreciam um clássico!
– MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – Machado de Assis;
– DOM CASMURRO – Machado de Assis;
– VIDAS SECAS – Graciliano Ramos;
– MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS – Manoel Antônio de Almeida;
– CAPITÃES DA AREIA – Jorge Amado;
– IRACEMA – José de Alencar;
