Brasil Celeiro do Mundo?

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Brasil o Celeiro do Mundo é uma frase criada no Governo Getúlio Vargas no período de 1937 a 1945. E foi recuperado no início dos anos 2000 para retratar a pujança e a perspectiva que tinha o País de se tornar o maior produtor de alimentos do planeta. Já nesta época, eram utilizados somente 43 milhões de hectares, dos 90 milhões disponíveis, para a produção agropecuária. E muitas novas fronteiras agrícolas ainda estavam se formando. Os países com os quais o Brasil competia, no comercio externo de produtos, já começavam a pressionar de várias formas para conter este avanço.

De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), nos últimos 40 anos, enquanto a área ocupada pela agricultura aumentou 33%, a produção cresceu em torno de 386%. E segundo o último levantamento da Conab, do início deste mês, (junho 2020) o Brasil já ultrapassou os EUA na produção de soja, tornando-se um competidor mundial e o principal fornecedor de alimentos para a China.

Brasil o celeiro do mundo é um mantra repetido dezenas de vezes por governos e entidades ligadas ao agronegócio. Uma espécie de frase de auto ajuda, para manter altivo o espírito das pessoas ligadas ao setor. Mas há também neste mantra um certo risco para o qual todos devem estar atentos. É possível ser o celeiro do mundo, ok, mas sob quais condições? A de ser refém dos compradores ou a de impor regras e ser a mão que dá as cartas?

Vejam, há um zum, zum, zum, que a China vai começar a deixar de comprar grãos do Brasil para que depois de um tempo, possa ditar o preço que quer pagar. Se isto for verdade, este é um dos riscos de ser o celeiro do mundo. Fornecer matéria prima e não produto com valor agregado. Ser fornecedor para poucos países e não para todos os países deste planeta. A chamada diversificação da carteira de clientes, lembram?

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Neste sentido é importante lembrar o excelente trabalho feito pelo ex-ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, apoiado fortemente pelo Governo Lula, quando iniciou o processo de implantação dos Adidos de Agricultura nas embaixadas brasileiras nos principais mercados com os quais o Brasil tinha relações comerciais. Numa ação conjunta, a nomeação dos adidos veio com o fortalecimento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex-Brasil, ligado ao MDIC, que muito ajudou na abertura de novos mercados aos produtos brasileiros, no exterior.

Hoje o Brasil é um dos principais exportadores de carne bovina, de sêmen, máquinas agrícolas, em função destas duas ações dos governos Lula e Dilma Roussef. O que, infelizmente, está sendo esfriado pelo atual governo só porque é um projeto do governo anterior. E mesmo que o atual pareça ter um viés econômico ultra liberal, tem se mostrado tacanho em relação ao fortalecimento das relações externas, principalmente no que pese à promoção dos produtos agrícolas in natura e/ou manufaturados do agronegócio brasileiro.

O Brasil tem sim, condições de dar a mão neste jogo de cartas do comércio mundial de alimentos. Vai sofrer pressões, barreiras sanitárias, protecionismo, mas o governo atual precisa aprender que este é um jogo de graúdos, de gente madura e com vários jogadores. Que se não der para abrir uma porta, se busque outra, porque a variedade de produtos que saem deste solo tropical é imensa e precisa ser oferecida para os mais diversos cantos deste planeta. Mas, para isto, precisa largar de mão o choro e achar que só os EUA são os bonzinhos. Nada, neste jogo, não tem bonzinho. Tem é interesse, competência, malandragem e diplomacia. Algo que com o atual Chanceler, tá difícil!

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