Olhar além da porteira

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Para se manter competitivo em termos de custos logísticos no agronegócio, tanto para o mercado interno quanto externo, seria bom que o País alocasse cerca de 3 a 5% do seu PIB a fim de criar uma infraestrutura logística de transporte de grãos e outros produtos que saem de dentro das porteiras. Tirando do pacote os portos, que têm recebido investimentos privados, este percentual deveria ser distribuído entre rodovias, ferrovias e hidrovias. Todas criadas ou remodeladas com a ideia de interligação em modais para que cada um deles percorresse a exata distância que permitisse dar ao processo todo, um custo compatível, sem onerar demais o produto transportado.

Esta informação foi passada pelo diretor executivo do Movimento Pró-logística, Edeon Vaz Ferreira, também coordenador da Câmara de Logística do Ministério da Agricultura. Na visão dele os modais que mais precisam ser impulsionados são os ferroviários e hidroviários, pois as rodovias já estão instaladas em várias partes do Brasil, precisando serem reformadas ou mantidas. Mas os outros dois modais, sim, quando construídos, vão fazer o custo de frete cair significativamente. Segundo Edeon, o país tem várias vias fluviais que podem ser aproveitadas para compor o plano logístico, que encurtariam distâncias e permitiriam a redução de caminhões nas estradas e os custos que este transporte traz. Um comboio de 20 barcaças retira do tráfego, algo como 500 caminhões.

Por outro lado, além de organizar a estrutura interna é preciso que as entidades ligadas aos produtores acionem suas centrais de inteligência para mapear os concorrentes brasileiros no mercado externo, para todo o tipo de produto. Porque silenciosamente, muito em breve dois novos players de soja vão chegar forte no mercado mundial; Ucrânia e Rússia. No trigo, já estão concorrendo em igualdade com os EUA, Canadá e Austrália. E, na soja, investem significativos recursos para terem aumento de produção, produtividade e qualidade no grão. Além deles, pelo menos mais três países na região do Mar Negro, podem despontar nesta cultura dentro de uns 10 anos. E qual a vantagem competitiva que terão? Proximidade com dois dos mercados consumidores mais fortes, a China e num breve futuro, a Índia.

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E não se pode deixar de olhar com certo cuidado, os países da África, cujo clima é muito parecido com o do Brasil. Apesar de ainda terem um bom nível de desorganização estrutural, já há projetos de investimentos em aquisição de tecnologia para desenvolver o plantio de variedades de grãos para algumas regiões deste continente. Países como a Nigéria, que possuem o dinheiro do petróleo, podem rapidamente importar tecnologias que lhe favoreça a um crescimento rápido na produção de alimentos.

De certa forma, isto aumenta a necessidade de aprender a gerenciar os vários fatores que “pressionam” a produção dentro da porteira. É preciso ter um “olho no peixe e outro no gato” e levantar a cabeça para ver acima e além da porteira, porque as oportunidades de mercado estão se abrindo cada vez mais e aí, boi ligeiro bebe água limpa!

Para saber mais sobre a proposta de logística:

https://anchor.fm/agropressmarketingecomuni/episodes/O-Brasil-precisa-investir-cerca-de-4-do-seu-PIB-em-infraestrutura-logstica-ektrkd

E sobre os novos players:

https://anchor.fm/agropressmarketingecomuni/episodes/Brasil-ainda–um-forte-competidor-no-cenrio-de-gros–mas-precisa-olhar-para-novos-mercados-ekjkfn

Olhar além da porteira

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